Trabalhadores ocupam Brasília para barrar as reformas

Principal interessado na aprovação das reformas, em especial a trabalhista, o empresariado não esconde mais que o ilegítimo Temer foi um instrumento para acabar com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e com a aposentadoria.
A força da bancada empresarial no Congresso se manifestou nesta terça-feira (23) na sessão da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), que tratou da reforma trabalhista. Após muito tumulto e discussão, o relator Ricardo Ferraço (PSDB-ES) suspendeu a sessão, que não foi retomada, e – sob protestos da oposição – deu como lido o relatório, que propõe a aprovação do texto tal qual foi aprovado na Câmara.
Segundo Alysson Alves, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) “a lógica é aprovar tudo, o Presidente veta  pontos e eles voltam como medida provisória. Uma piada! Um insulto ao trabalhador brasileiro!”
A conta do golpe

Para o presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, fica evidente na atual conjuntura que o “conluio golpista” não estava interessado em recuperar a economia mas sim em jogar a crise nos ombros dos trabalhadores.
“Eles investiram tanto para financiar esse golpe, tiraram um mandato constitucional, agora querem receber o dinheiro de volta com a redução do custo da mão-de-obra, fim da CLT, ampliação da jornada, contratos precários. Tudo isso é a confirmação de que foi concretizado um golpe do capital contra o trabalho. Não tem mais o que esconder”, completou Adilson.
Intimidar o movimento sindical

Como aconteceu em manifestações recentes, circulam rumores de que o Congresso estará cercado por aproximadamente 5 mil policiais nesta quarta-feira. Segundo Adilson, está sendo montado um campo de guerra em Brasília incluindo barreiras e fila indiana para entrar na Esplanada.
“Querem dificultar qualquer possibilidade de manifestação contra esse golpe que pretende consagrar o fim dos direitos laborais e previdenciários e instituir o trabalho escravo”, afirmou Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Superar expectativas

Mais de 300 ônibus com militantes de todo o país é a conta que a CTB deve levar a Brasília. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical prometem levar de 20 a 30 mil trabalhadores para a marcha. Participam da marcha ainda a Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Intersindical, CSP-Conlutas, Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e União Geral dos Trabalhadores (UGT).
“O Brasil se desloca para Brasília fazendo pressão nas ruas em uma marcha que está superando as nossas expectativas”, declarou o presidente da CTB, Adilson Araújo. Na opinião dele, as centrais sindicais não vão permitir que se aproveitem do clima de instabilidade para salvar “na calada da noite” interesses particulares.
Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, a reforma trabalhista interessa aos empresários e a reforma da Previdência ao mercado financeiro. “O movimento sindical já tinha percebido isso porque a maioria das propostas colocadas para o debate estavam no plano da Confederação Nacional da Indústria (CNI)”, observou Juruna.
Saída democrática

“As centrais de um modo geral querem encontrar soluções democráticas para a crise e vão tomando conta da dimensão do estrago que a crise política está provocando nos trabalhadores. Então não há outro caminho que não seja fazer um grande movimento político de massas em defesa do brasil, motivado pela constituição de uma ampla frente democrática e em defesa do desenvolvimento, crescimento econômico e da geração de emprego e renda”, afirmou Adilson.
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, criticou a velocidade da apresentação do relatório da reforma trabalhista nesta terça-feira. Segundo ele, o debate deveria ser ampliado e envolver setores diversos.
“Esta agenda foi mandada com sete pontos pelo governo e saiu de lá com 117 pontos. A quem interessa a calibragem desta reforma, que revoga e flexibiliza direitos e cuja experiência no mundo inteiro, como na Espanha, teve como consequência imediata o achatamento da massa salarial? A precarização e a rotatividade jogam os salários lá embaixo. Na Espanha foi 100%. Cem por cento dos salários caíram”, lembrou Renan.
Ele também afirmou que o ministro da Fazenda Henrique Meirelles deveria ter sido demitido por afirmar que as reformas avançariam independente da situção do presidente. Renan deverá participar do ato político durante a marcha dos trabalhadores.
(do Vermelho)