Terceirizados são ameaçados de demissão com cortes anunciados por Bolsonaro

A semana começou com mais uma preocupante notícia para o mundo do trabalho. O presidente eleito da extrema-direita, Jair Bolsonaro (PSL) ― por meio de sua equipe de transição ― avalia encerrar o contrato com algumas empresas terceirizadas que prestam serviços ao governo federal. Sob a justificativa de redução de despesas da máquina pública, o governo pretende reduzir em 20% os gastos no setor. Porém, não é ignorado que, mais uma vez, a corda arrebentará do lado mais vulnerável, já que a decisão significa o fechamento de centenas de postos de trabalho.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 18,9% do total de trabalhadores contratados no país são no regime de terceirização. Nos órgãos públicos, o segmento presta serviços nas áreas de limpeza, manutenção, prevenção, transporte, vigilância, entre outros. Uma expectativa preocupante era de que a precarização das relações de trabalho se estendesse a outras áreas, já que, em meados de setembro, Michel Temer assinou um decreto regulamentando a contratação de terceirizados no setor público. O documento ampliava a mão de obra para todas as atividades dos serviços em órgãos federais. Agora, com a declaração do novo governo, parece que haverá uma inversão.

Da precarização ao desemprego

Segundo estudo feito pelo Dieese, os terceirizados ganham em média 25% menos, se acidentam 60% mais e trabalham 12 horas a mais por mês. Além disso, a rotatividade é o dobro nesse tipo de contrato.
Por apresentar baixos custos aos patrões, a mão de obra terceirizada acaba sendo a porta de entrada para o mercado de trabalho e um modelo de gestão bastante rentável para as empresas. Para se ter uma ideia, um exemplo que circula na mídia mostra que no Ministério do Turismo, uma empresa terceirizada recebe R$ 18,3 mil para manter um bombeiro civil, que tem salário de R$ 4 mil. Ou seja, o Estado paga quatro vezes mais do que o trabalhador realmente recebe.
“Os números mostram que o prejuízo não é causado pelo salário do trabalhador, mas pela ganância dos patrões”, esclarece o secretário-geral da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues.
O sindicalista também aponta para a postura simplista do próximo governo. “Depois de anos de terceirização e precarização do trabalhador, o Estado fala em gerar demissões, sem nenhuma garantia e sem o menor compromisso com esses pais e mães de família que perderão o sustento de seus lares”, denuncia.

Falta diálogo

Os anúncios ainda não foram cumpridos, mas já causa receio entre trabalhadores e sua entidade representativa. Segundo a presidenta do Sindserviços ― sindicato que representa os trabalhadores terceirizados no DF ―, dona Isabel, a expectativa para 2019 não é das melhores.
“Um presidente que já se posicionou contra o movimento sindical e os trabalhadores não vai querer abrir as portas para o diálogo. Será que ele, ou pelo menos um de seus representantes, vai sentar com a gente para ouvir nossas demandas? O que sabemos é que 2019 será um ano árduo e daí surge a necessidade de mantermos a unidade para fortalecermos os direitos da categoria”, finalizou.
Fonte: CUT Brasília