Teatrólogo ensina professor a usar o corpo em favor da educação

Não basta ter apenas o domínio do conteúdo. O exercício da atividade docente requer muito mais que isso. Para o pleno exercício da carreira, o professor, mais do que ninguém, sabe que precisa desenvolver paciência e controle emocional para lidar com a rotina escolar. E mais: saber se relacionar com cada um dos diferentes grupos de alunos, desde os mais apáticos até os mais extrovertidos. Afinal, identificar as habilidades dos seus estudantes é fundamental para que processo de aprendizagem seja, efetivamente, exitoso. Isso é o que propõe o curso de Formação de Facilitadores de Teatro Social a ser realizado em São Paulo nos dias 28 e 29 de setembro e 5 e 6 de outubro.

Comandado pelo teatrólogo italiano Giulio Vanzan, o curso busca, por meio de exercícios de respiração, de artes marciais, de movimentação do corpo e de dinâmicas em grupo, trabalhar a postura do professor, a segurança e a sua projeção em sala de aula. “É possível, sim, utilizar o corpo em favor da educação. Com algumas dinâmicas, o participante consegue aguçar mais a sensibilidade e entender melhor a lógica dos seus alunos. Uma maior consciência corporal leva ao aumento da autoestima. Dessa forma, o professor consegue se aproximar ainda mais dos estudantes”, afirma Vanzan.
Segundo ele, a oficina é também recomendada para os próprios alunos. “Os adolescentes têm muita energia, que pode ser canalizada para a criação. Se eles não a utilizam, acabam se deprimindo de alguma forma. E adolescentes deprimidos acabam não sonhando. O fato é que não dá para ficar horas e horas apenas sentado, escutando o professor, como acontece em muitas escolas. Através dos jogos teatrais, a dinâmica relacional pode mudar essa situação”, explica Vanzan.
As atividades a serem desenvolvidas no curso estão baseadas em técnicas de dois métodos: o Teatro do Oprimido e o Teatro Físico. É na junção desses dois tipos de preparação teatral que surge o Teatro Social, que tem o italiano como um dos principais difusores. “Busquei criar uma fórmula nova. Augusto Boal [o criador do Teatro do Oprimido] é a nossa base. Encaramos o fazer teatral como uma dinâmica do movimento. O nosso corpo tem vida. E o teatro tem impacto direto na sociedade. Trabalho as experiências físicas por meio do corpo. É dessa forma que conseguimos trabalhar com as dinâmicas sociais”, fala Giulio Vanzan.
Além desses aspectos mais subjetivos, o Teatro Social tem no aspecto político de transformação social – base do Teatro do Oprimido – uma de suas principais características. Do Teatro Físico, o ponto mais marcante associado ao Teatro Social é a ênfase na comunicação por meio da expressão do corpo, com menos utilização de palavras ou objetos para compor a cena. Organizado pela Projeto Células da Transformação, o curso é aberto a participação de outros profissionais, não apenas educadores.
Com informações do Terra