Substitutivo é tão ruim quanto o texto original para os professores

O texto do substitutivo apresentado na Comissão Especial da Reforma da Previdência (PEC 287/2016), nessa terça-feira (18), mantém as mesmas injustiças do texto original da PEC apresentada pelo presidente ilegítimo Michel Temer e modifica apenas a linguagem.
O Sinpro-DF, juntamente com a CUT, o Diap e o Dieese, já está analisando com profundidade as quase duzentas páginas do substitutivo, contudo, de forma preliminar já adianta que o documento continua retirando direitos dos trabalhadores nos mesmos moldes do projeto original para toda a classe trabalhadora e para a categoria de professores.
A diretoria colegiada do Sinpro-DF comunica que a análise só pôde ser iniciada nesta quarta-feira (19), data em que o substitutivo foi divulgado pela Comissão Especial da Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Informa ainda que a análise do Sinpro-DF tem um enfoque direcionado para a categoria docente.
Assim como o texto original, o substitutivo apresenta defeitos que comprometem a afirmação do governo Temer e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de que há “rombo” na Previdência. O texto original da PEC 287/2016 foi analisado por 20 especialistas em economia, matemática, engenharia e computação cuja conclusão aponta para o fato de que os dados apresentados são confusos, cálculos com erros e omissão de material.
Leia matéria sobre a análise do texto original da PEC 281/2016 divulgado nesta quarta-feira (19) pela imprensa clicando no seguinte link: Governo apresenta cálculo com erros e omite dados de material para justificar reforma da Previdência.
De forma preliminar, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) divulgou alguns destaques pelos quais já se vê que o substitutivo não recua em nada, mantém a retirada de direitos e continua com o desmonte da Seguridade Social Pública para atender aos interesses do sistema financeiro que vê na nossa Seguridade Social uma fonte de lucros com a previdência privada.
Confira, a seguir, itens destacados pelo Diap:


  • O texto do substitutivo fixou a idade mínima de aposentadoria em 62 anos para as mulheres e em 65 anos para os homens após um período de transição de 20 anos. Ou seja, o aumento seria progressivo, começando em 53 e 55 anos, respectivamente, na data da promulgação da emenda.
  • Mantém em 25 anos o tempo mínimo de contribuição para acesso aos benefícios. O benefício será igual a 70% da média de salários, o que é maior que os 51% propostos no texto original. Após 25 anos de contribuição, cada ano seria contado a mais, possibilitando a obtenção de 100% da média aos 40 anos de contribuição e não aos 49 como antes.
  • O texto preliminar elimina as idades mínimas para que um trabalhador possa entrar na transição da reforma. E o pedágio, ou o tempo a mais que este trabalhador terá que cumprir para manter parte das regras atuais, cai de 50% para 30% do tempo de contribuição que falta para a aposentadoria. Hoje, este tempo é de 35 anos para homens e 30 anos para mulheres.
  • Prevê a idade mínima de 55 anos para a aposentadoria de policiais civis. (As regras permanentes para os policiais civis serão definidas depois da promulgação da reforma da Previdência, por meio de um projeto de lei, como ocorrerá com os policiais militares e bombeiros).
  • Os trabalhadores rurais teriam idade mínima menor, de 60 anos, com 20 anos de tempo de contribuição. E a alíquota individual de contribuição para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), provavelmente deverá ser de 5% sobre um salário mínimo.
  • Para as pensões, o relator mantém a possibilidade de acúmulo de pensão e aposentadoria, mas com um teto de dois salários mínimos. O interessado poderia ainda optar pelo maior benefício entre os dois, caso isso seja mais vantajoso.
  • Nada muda, porém, em relação ao cálculo do valor da pensão: o benefício será de 50% da aposentadoria mais 10% por dependente, mas com a volta do piso de um salário mínimo.
  • No caso dos benefícios assistenciais (Benefício de Prestação Continuada – BPC), o relator também mantém a vinculação com o salário mínimo, mas aumenta a idade mínima de 65 para 68 anos. A proposta original sugeria 70 anos.