Sindicato dos Jornalistas culpa Estado por agressão a cinegrafista no Rio

Presidenta do Sindicato diz que é difícil fazer emissoras fornecerem equipamentos de segurança aos jornalistas e que elas ainda querem retirar esse item do contrato de trabalho

O Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro responsabilizou nesta sexta-feira (7) o Estado por omissão no caso da agressão ao repórter cinematográfico da TV Bandeirantes Santiago Idílio Andrade. Ele foi atingido nesta quinta-feira (6) por um artefato explosivo enquanto fazia a cobertura de um protesto no Centro do Rio. A situação do cinegrafista é grave, ele passou por cirurgia e permanece internado.
As últimas imagens de Santiago na manifestação, capturadas pela BBC Brasil, mostram que o cinegrafista estava sozinho e não usava equipamentos de segurança. Para a presidenta do Sindicato, Paula Mairán, embora a emissora tenha que ser responsabilizada pelo ocorrido, é tarefa do Estado fiscalizar os canais de TV, que são serviços públicos, e assegurar a proteção aos jornalistas.
“Estamos, desde o ano passado, apontando a falta de políticas públicas para garantir o exercício do jornalismo em segurança. Entre elas, a responsabilidade da autoridade de segurança pública e das empresas”, disse. Segundo Paula, jornalistas continuam sendo enviados às ruas sem equipamentos de proteção e em condições de vulnerabilidade.
“A Bandeirantes explora uma concessão pública que deve ser fiscalizada pelo Estado. Mesmo que a responsabilidade seja, em primeiro lugar, da empresa”, completou Paula.
A presidenta do sindicato lembrou que, desde 2013, o sindicato denuncia agressão a jornalistas em protestos e identificou 49 vítimas. Um documento com todos os casos chamando atenção para o problema foi entregue aos órgãos legislativos e à Secretaria de Segurança Pública do Rio, uma vez que boa parte dos agressores é formada por policiais.
Paula Mairán revela também a dificuldade de obrigar as empresas a fornecer equipamentos de segurança aos jornalistas e conta que as emissoras querem retirar esse item do contrato de trabalho. “A conjuntura nos prova que, em vez de retirar, nós temos que aprimorar as cláusulas de segurança”, declarou a presidenta do sindicato.
A Agência Brasil não conseguiu entrar em contato com o Sindicato das Empresas da Radiodifusão do Estado para comentar as negociações. Já o Grupo Bandeirantes não se pronunciou sobre as críticas do sindicato.
A Polícia Civil investiga a agressão a Santiago e deve solicitar imagens de outras emissoras. A Polícia Militar não se pronunciou sobre o ocorrido.
Parte das testemunhas do episódio dize que o explosivo que atingiu o jornalista partiu dos policiais. Há ainda aqueles que afirmam que o artefato estava em poder dos manifestantes.
Fonte: Agência Brasil