Sempre que contrariado, Rollemberg judicializa questões e apela à censura


O governador Rollemberg vem reafirmando a característica de ser altamente refratário a quem faz críticas à sua gestão. E a tratar logo de judicializar a questão, ao invés de buscar o debate, a apresentar soluções e a mostrar serviço.
Na manhã de sábado (2/6), a Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) iniciou uma operação de retirada de engenhos publicitários de grande porte no centro da cidade. Entre os equipamentos que se tornaram alvo do governo, estava o painel digital pertencente ao grupo Metrópoles. A estrutura, instalada em prédio do Setor Bancário Sul, no coração de Brasília, funciona desde 6 de fevereiro deste ano – e estava legalizada pelo próprio poder público.
Neste painel eletrônico eram veiculados informes publicitários e conteúdo jornalístico – como a previsão do tempo, a situação do trânsito, o funcionamento de equipamentos públicos, a programação cultural da capital, além de toda a sorte de assuntos que interessam a comunidade -, entre eles uma campanha do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília (SindSaúde), denunciando o descaso da saúde pública do Distrito Federal, e uma do próprio jornal, que buscava orientar as pessoas sobre as próximas eleições.
Mas parece que o governador não gostou de ver notícias que analisam mais a fundo as ações do GDF, assim como a repercussão junto ao público. A Justiça, claro, foi acionada e, em tempo recorde, o governo obtive decisão liminar de uma juíza plantonista do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) para remover o painel.
Registre-se também o desempenho olímpico com que a Agefis retirou o painel de prédio. A ação ocorreu minutos após o concessão da liminar em favor do GDF. O curioso é que uma ação desse porte necesssita de preparação prévia, pois contou, inclusive, com ajuda do Corpo de Bombeiros.
O normal, aliás, seria que o painel digital ficasse lá até que a ação judicial fosse transitada em julgado.
Filme repetido – A situação vivida pelo jornal Metrópoles é semelhante àquela que o Sinpro-DF passou quando da veiculação da campanha “E Agora, Rodrigo?”.
Em fevereiro passado, o GDF tentou por meios judiciais impedir a veiculação da campanha do Sinpro-DF seja nas TVs, em outdoors ou em qualquer outra mídia. À época, o Partido Socialista Brasileiro (PSB), de Rodrigo Rollemberg, alegava que o objetivo do sindicato era realizar propaganda eleitoral antecipada negativa do atual governador do Distrito Federal e a favor de “potenciais pré-candidatos ao Governo do Distrito Federal”.
“Se uma parcela da sociedade não concorda com as medidas de um governo, ela tem todo o direito de não só discordar, como abertamente criticar e exigir mudanças. É uma crítica que faz parte da democracia”, argumentaram, na ocasião, dirigentes do Sinpro-DF.
A desembargadora Carmelita Brasil, do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF), julgou extinta e mandou arquivar ação. Porém, em outra ação, foi mantida a censura da campanha no interior das escolas públicas, mas permitindo que o Sindicato a veiculasse em outros meios de comunicação, como está sendo feito até hoje pelas cidades do DF.
Censura – A questão fica mais séria quando o PSB de Rollemberg tenta bloquear, junto ao TRE-DF, a veiculação de pesquisas eleitorais – pois nessas pesquisas o governador não atinge dois dígitos de aprovação popular.
O Sinpro-DF vem denunciando há bastante tempo e repudia, mais uma vez, a utilização contínua dessa prática repressiva que acaba por deixar a sociedade brasiliense sufocada pelo chefe do governo – “o estereótipo mais patético de gestor para inaugurar, durante seu governo, obras como calçada, praças, postes e até mesmo abrir a porta de um batalhão sem policiais”, como disse o jornal Metrópoles em editorial.
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