Reforma da Previdência completa pacote de ataques à juventude

Todos os dias, assim que acorda, o estudante Caio Giovanny, 21, revira os sites e as páginas das redes sociais a procura de emprego. O mesmo ritual é realizado por Priscylla Oliveira, 20, recém-formada em comunicação social, que espera a primeira oportunidade de ingressar no mercado de trabalho. Caio e Priscylla, bem como o restante da juventude brasileira, ambicionam um futuro melhor. Mas se depender do governo ilegítimo de Michel Temer, o horizonte promissor estará cada vez mais distante.
A realidade que os espera é bastante injusta e cruel. Com as deformas impostas pelo golpista Temer, são ainda mais elevados os índices de desemprego, além do aumento de postos de trabalho precarizados e o enfraquecimento do amparo sindical. Mas a cartada fatal do golpista Temer vem com a reforma da Previdência, que estabelece a idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres para se aposentar, além de 40 anos de contribuição.
De acordo com o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto, o primeiro passo para inviabilização da aposentadoria dos jovens começou antes de se tornar público o texto da reforma da Previdência, com a aprovação da Emenda Constitucional 95, que estabeleceu o congelamento os investimentos destinados à educação pública e a outros serviços públicos por 20 anos. Em seguida, veio a reforma do Ensino Médio, elaborada para inviabilizar a capacidade de questionamento dos jovens, resultando em uma massa de mão-de-obra barata. A investida subsequente veio com a reforma trabalhista, que reduziu os empregos formais e aumentou o número de postos de trabalho precarizados, com a ausência de contratos formais.

“Apenas entre 11 de novembro de 2017 – data em que a reforma trabalhista passou a vigorar – e janeiro deste ano, houve a extinção de meio milhão de empregos formais no país, criando subempregos em um quantitativo bem menor. Hoje, só com o casamento da emenda 95, reforma do ensino médio e reforma trabalhista, já é possível observar que vários brasileiros não conseguirão se aposentar. E quem vai sentir ainda mais todo esse ataque, são os jovens que ingressarão no mercado de trabalho”, analisa Britto.
O presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto, ainda contesta a idade mínima para se aposentar estabelecida na reforma da Previdência de Temer. Ele explica que essa regra afeta, principalmente, os jovens de baixa renda, que vivem em situação de vulnerabilidade. “Quando se tem o desemprego, aumenta a pobreza. Elevando a pobreza, aumentam os problemas de segurança, resultando em uma crescente no número de homicídios. Logo, por terem uma realidade diferente, a expectativa de vida desses jovens é bem menor e eles, dificilmente, conseguirão atingir a idade mínima estabelecida pelo projeto nefasto. O que está posto à juventude é uma realidade dura e cruel”.
“É realmente assustador perceber o quanto eu tenho que contribuir e trabalhar, sendo que, por enquanto, não tenho nenhuma oportunidade. Na verdade, é uma bola de neve. De um lado tem o desemprego, as novas condições de emprego, que na verdade diminuem os direitos do trabalhador. Do outro, um exército de pessoas querendo trabalhar e, por falta de opção, se submete à precarização”, avalia Priscylla.
A reforma da Previdência está em tramitação na Câmara dos Deputados e tem votação prevista para o próximo dia 19. Até agora, o governo não conseguiu reunir os 308 votos necessários para aprovar o texto, mas vem fazendo todas as manobras possíveis para atingir o número.