Queda nos investimentos sociais e segurança alimentar são temas de debate no FSM

A queda nos investimentos sociais, especialmente para a reforma agrária e o Bolsa Família, além de outros desmontes de políticas públicas determinados pelo governo golpista de Michel Temer (MDB), foram fortemente criticados na Oficina Produção de Alimentos e Soberania Alimentar, realizada na quinta-feira (15), na Tenda da CUT, no Fórum Mundial Social 2018, em Salvador.
É um ataque a um direito humano essencial que é a alimentação, criticou a presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Elisabetta Recine. “O que está evidenciado, neste momento, é um retrocesso nas conquistas, nas reduções das desigualdades”. Para Elisabetta, é inadmissível o Brasil voltar ao Mapa da Fome por causa das medidas de redução de gastos nas políticas de saúde, nos programas sociais e no programa de apoio a agricultura familiar.
“Precisamos resistir, conversar com a sociedade brasileira para que ela perceba que não é admissível que haja fome e desigualdade no Brasil. O país fica pior para todos, não só para quem tem fome”, disse a dirigente.
Os avanços durante os governos Lula e Dilma
O professor Sérgio Sauer, da Universidade de Brasília (UnB), lembrou que o Brasil avançou bastante no direito à alimentação durante os governos Lula e Dilma. Mas, o golpe e a política de austeridade, com o corte de 96% nos programas sociais, como o programa de aquisição de alimentos, o Minha Casa Minha Vida, Luz para Todos, e a retirada de 1,5 milhão de famílias beneficiárias do Bolsa Família, entre outras perdas de direitos, deixaram mais vulnerável a população.
“O primeiro aspecto que afeta as famílias, é a alimentação”, diz o professor, que complementa: “A política de valorização do salário mínimo nos governos Lula e Dilma, foi um programa chave de combate à fome e a pobreza, mas agora com reajustes abaixo da inflação, tem o menor valor em 24 anos”.
Agricultura Familiar e Segurança Alimentar
Carmem Foro, vice-presidenta da CUT, afirma que o tema do direito à terra e alimentação é um tema mundial, mas no Brasil, a fome, por exemplo, só foi de fato enfrentada pelo governo Lula que, no dia da posse do primeiro mandato disse que o objetivo principal dele era que todos os brasileiros fizessem três refeições por dia. “E, com isso ele acabou com a fome no Brasil”.
Para ela, “estamos falando de uma questão estrutural que o Brasil enfrenta há muito tempo, mas só no governo Lula, como decisão política e pessoal dele, passamos a tratar desse problema”, disse Carmen, lembrando que as políticas públicas do ex-presidente ajudaram a tirar o Brasil do Mapa da Fome.“Mas, agora, com esse governo golpista, corremos o risco de voltar”, enfatiza. De acordo com Carmen, é estratégico que se façam debates sobre o orçamento em políticas públicas para a agricultura familiar. É preciso fazer do campo brasileiro um espaço digno de vida, e não de miséria”.
Marielle Franco
Um grupo de participantes do FSM promoveu, na manhã desta quinta-feira (15), um ato em protesto contra o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). A manifestação ocorreu na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Com faixas, cartazes e muita indignação, os manifestantes se reuniram às 10 horas para exigir a solução do caso.
Com gritos de “Marielle, presente”, os manifestantes caminharam pelo campus da UFBA, no bairro de Ondina, na capital baiana. De acordo com organizadores do ato, cerca de três mil pessoas participam do protesto.
(Com informações da CUT e Revista Fórum)