Dez mil professores votam pela continuidade da greve

Não adiantou o descaso do GDF nem a parcialidade da grande imprensa. Com 99% de votos favoráveis, a Assembléia Geral desta quarta-feira, 15, deliberou pela continuidade da greve por tempo indeterminado. Cerca de 10 mil professores estiveram presentes no estacionamento do Buritinga, quase o dobro do número de participantes da Assembléia anterior, realizada no dia 7 de abril.

A Assembléia Geral aconteceu um dia depois que o GDF reafirmou, em encontros oficiais, o descaso com a luta dos professores. Até a manhã da quarta-feira, o governo não havia apresentado qualquer proposta para o Sindicato. Na terça-feira, 14, duas reuniões envolvendo o governo local mostraram que o Executivo não estava levando a paralisação da categoria a sério.

Na primeira das reuniões, uma Audiência de Conciliação marcada pela Procuradoria Regional do Trabalho, o Secretário de Educação, José Valente, não se dignou a aparecer. Enviou dois advogados em seu lugar, sem qualquer poder de decisão. Na segunda, promovida pela CUT, e reunindo representantes de entidades da sociedade Civil, em Águas Claras, o governador Arruda, pressionado, resolveu abrir uma rodada de negociação com o Sindicato, nesta quarta-feira, 15.(Veja matérias no site).

“Falamos na reunião desta terça para o governador que um movimento grevista não se resolve com agressões ou provocações, mas sim com a negociação”, falou na Assembléia o deputado federal Geraldo Magela, representando todos os parlamentares. “A greve está incomodando o governo e balançando a sociedade. Toda a população sabe que os professores estão lutando pelo cumprimento da lei”, afirmou por sua vez Rejane Pitanga, presidente da CUT.

Irritados com o desrespeito do GDF, os professores resolveram dar uma resposta na Assembléia Geral desta quarta-feira, que contou com a presença de parlamentares, sindicalistas e estudantes das escolas públicas. A deliberação maciça favorável à continuidade da greve foi recebida com aplausos e palavras de ordem: “A greve continua. Arruda a culpa é sua”.

Unida, a categoria acha que, agora, o movimento saiu ainda mais fortalecido. “Tudo o que temos hoje foi conseguido através de muito luta. Por isso, temos agora que lutar, lutar e lutar”, defende Gisele Cunha, da Escola Classe 01, de Brazlândia. “A gente tem que fazer pressão em cima do governo. Tem direito à greve e ao reajuste de 15, 31%. Por isso, precisamos reagir a esse governo imoral”, complementa Maria Elenir de Lima.

Afinada com a paralisação, a categoria não admite a forma como o GDF a está tratando. “O Arruda acredita que os professores são uma classe desprivilegiada, que outras categorias merecem mesmo ganhar mais que a gente. Dinheiro ele tem para pagar o reajuste. Mas, ele prefere gastar com festa. Esse não é o momento de recuar. Não tem como aceitar zero de reajuste”, argumenta Henrique Serra, da Escola Parque 210/11, do Plano Piloto.

Além de manter a greve, os professores definiram ainda a data e local da próxima Assembléia Geral: sexta-feira, 17, em frente ao Buritinga. Foi aprovada ainda a realização de assembléias regionais nesta quinta-feira, 16, nos mesmos locais onde aconteceram as últimas.