Professores fazem carreata de cinco quilômetros

Os professores deram mais um demonstração da força do movimento grevista nesta quarta-feira, 22. Uma carreata no Eixo Monumental com cerca de cinco quilômetros chamou ainda mais a atenção da sociedade para a reivindicação da categoria, que cobra do GDF um reajuste salarial de 15, 31%. Essa é a segunda manifestação em dois dias dos professores no Plano Piloto. No aniversário de Brasília rosas entregues à população sinalizaram o espírito pacífico da paralisação.

Antes da carreata, os professores se concentraram, a partir das 15 horas, no estacionamento do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Munidos de apitos, educadores e educadoras fizeram muito barulho e exigiram respeito do GDF, que até esta quarta, passados 15 dias após a decretação da greve, não apresentou uma proposta de reajuste salarial para a categoria. “A gente está fazendo barulho para que os surdos possam nos ouvir. E é o que parece estar acontecendo com o Arruda: ele está surdo, não quer nos ouvir”, ironiza Márcio Curvo, do Centro de Ensino Médio 01, de Sobradinho.

“Temos que fazer barulho mesmo, mostrar que a categoria, mais do que nunca, está unida”, defende Lecilda Martins, da Escola Classe 08, de Planaltina. “Os professores estão saindo em carreata para mostrar o valor da cidadania. O professor é antes de tudo um cidadão e quer ser respeitado”, reforça, por sua vez, Tamatatiua Rosa, do Centro de Ensino Fundamental 05, de Sobradinho. “Onde o Arruda estiver, ele vai ouvir o nosso apitaço, porque ele está com medo e incomodado com nossa greve”, sustenta Glauce de Carvalho, da Escola Classe 17, da Ceilândia.

Com esse espírito, os professores saíram às 16 horas para a carreata em fila indiana pelo Eixo Monumental. O buzinaço contou com a solidariedade de muitos motoristas, que também buzinaram e acenaram positivamente para os docentes em sinal de apoio. Os carros saíram do Teatro Nacional e fizeram o percurso pelo Eixo até o Palácio do Buriti e contornaram seguindo em direção à Esplanada dos Ministérios.

“Não é de hoje que o GDF ouve nossos apitos e buzinas. Há duas semanas estamos fazendo barulho e só vamos parar quando o governo pagar aquilo que nos deve”, resumiu o clima da carreata o professor Alessandro Rodrigues, da Escola Classe 404, do Recanto das Emas. “A greve está cada vez mais forte e o que a gente percebe é que os alunos, pais e toda a comunidade estão do nosso lado. Porque estão do lado da justiça”, disse animada a professora Anita Queiroz, da Escola Classe 06, do Cruzeiro.

Até o final da tarde da quarta-feira, o GDF não acenou para qualquer conversa com a Comissão de Negociação da greve. Nesta quinta-feira, às 10 horas da manhã, a Comissão de Intermediação da Negociação formada pela CUT, com representantes de diversas entidades da sociedade civil, terão encontro com o governador Arruda, em Águas Claras, para discutir a greve. Na sexta-feira, 24 de abril, às 9h30, os professores irão se reunir em Assembléia Geral, ao lado da Catedral de Brasília.