Plenária discute mulheres nos espaços de poder

Como trazer mais mulheres para os espaços de poder? Essa foi a pergunta que ocupou a primeira metade da Plenária de Mulheres Trabalhadoras da CUT, ocorrida na última quinta-feira, no Teatro dos Bancários. Na mesa, as presenças ilustres de Patrícia Duarte Rangel, Assessora Parlamentar do CFEMEA, Rosane Silva, Secretária Nacional de Mulheres Trabalhadoras da CUT, a deputada distrital Erika Kokay, além da presidenta da CUT e diretora do SINPRO Rejane Pitanga.
Em pauta, a participação desigual das mulheres em espaços de poder. Mesmo compondo mais da metade da população, as mulheres são apenas 9% dos deputados federais, e 12% dos senadores, dados que colocam o Brasil na 146ª posição do ranking sobre a participação de mulheres no Parlamento organizado pela União Interparlamentar. No entanto, segundo Erika Kokay, a participação feminina em lideranças comunitárias é muito maior que a masculina. “São tetos invisíveis que determinam onde a participação feminina é ou não aceitável”, disse a deputada. Na própria CUT, apenas 3 dos 26 presidentes de CUTs regionais são mulheres, comentou Rosane Silva.
Para vencer esse teto, é preciso criar condições objetivas que permitam uma maior participação das mulheres, comentou Rejane Pitanga. O espaço sindical é um exemplo de espaço político onde o número de mulheres é historicamente reduzido. Recentemente, entretanto, foi aprovada uma resolução da CUT que estabelece um mínimo de 30% de mulheres em qualquer atividade sindical, e no 11° Congresso Estadual da CUT, atualmente em andamento, 42% dos delegados registrados são mulheres. Entretanto, para ampliar essa participação em outras atividades sindicais, é preciso criar condições objetivas para que as mulheres possam acompanhar as longas reuniões. A luta por creches, por exemplo, bandeira do movimento sindical, é frequentemente esquecida nas atividades internas.
Em um plano mais amplo, uma maior participação feminina na democracia nacional parece necessariamente passar por algum tipo de reforma política. No Congresso, uma das representantes desse desejo é Luiza Erundina, coordenadora da Frente Parlamentar pela Reforma Política com Participação Popular. A Frente Parlamentar, representada na Plenária por Kaká, da Articulação de Mulheres Brasileiras, defende uma maior participação de mulheres e outras minorias no Congresso, o fortalecimento dos partidos, o fortalecimento da democracia direta e uma maior transparência nos gastos eleitorais. A Frente deve encaminhar para votação seu projeto de reforma política já nas próximas semanas.