CPI da Petrobras: a direita com dor de cotovelo

Por Antônio Lisboa*
Política e oportunismo sempre andaram de mãos dadas. É uma prática que agride a democracia, utilizada costumeiramente por aqueles que pensam menos na ética e mais nos seus interesses. O grande problema é quando esse maldoso casamento é usado para prejudicar uma coletividade, um país. É o que se vê no caso da CPI da Petrobras. Parlamentares direitistas atropelam o bom senso e usam esse mecanismo com fins eleitoreiros e econômicos.

Por trás da criação da CPI da Petrobras há dois interesses claros. O primeiro é a tentativa da oposição de azedar o projeto do atual governo de emplacar a ministra da Casa Civil, Dilma Rouseff, como candidata natural do presidente Lula ao Palácio do Planalto. E exatamente num momento em que ela cresce nas pesquisas de intenção de voto. A estratégia é atacar um dos maiores símbolos do crescimento econômico do governo petista, a Petrobras, para tentar desgastar a imagem positiva deste – e indiretamente a da ministra – perante a opinião pública.

Ao querer minar um projeto político, preparando ao mesmo tempo o terreno político para a ascenção de seus candidatos à presidência, como José Serra e Aécio Neves, a oposição incorre num erro grosseiro e, o que é pior, irresponsável. Políticos que, se eleitos, provavelmente tentarão privatizar a Petrobras. Buscam debilitar, com fins eleitoreiros, uma empresa estatal forte num momento de crise econômica mundial onde o foralecimento é exatamente o caminho mais indicado. Essa é a hora dos países blindarem suas maiores empresas em nome da saúde financeira do país.

Para quem não sabe, a Petrobras foi considerada, em 2008, a terceira maior empresa das Américas em valor de mercado, algo em torno de R$ 473, 26 bilhões, segundo cálculos da época. Mais recentemente, pesquisa do prestigiado Reputation Institute, de Nova Iorque, feita em 32 países este ano, apontaram a empresa como a quarta mais respeitada em todo o mundo, ultrapassando a Microsoft e e General Eletric, entre outras. Proteger esse patrimônio é, assim, ajudar a fortalecer a economia do país.

A segunda motivação da oposição com a CPI da Petrobras é mais pesada e envolve interesses econômicos internacionais. A pretensão da direita é o retorno a uma velha e gasta idéia, a da privatização da empresa, rechaçada até hoje veementemente pela população brasileira. Em nome de um jogo político vergonhoso, querem trazer novamente ao debate a privatização da Petrobras. E qual conglomerado mundial não estaria interessado na maior empresa petrolífera da América do Sul, em processo de exploração de uma das maiores jazidas do mundo, a área marítima do pré-sal?

A intenção da direita de privatizar a Petrobras vem de longe. No fundo esses parlamentares não se curaram ainda da dor de cotovelo das várias tentativas frustradas de privatizar a estatal. Do governo Fernando Collor, que extinguiu duas das maiores subsidiárias da Petrobras, a Interbras e a Petromisa, ao governo do outro Fernando, o Henrique Cardoso, muitas ameaças de privatização pairaram sobre a empresa.

Foi FHC, por exemplo, quem quebrou o monopólio da Petrobras sobre a exploração e produção do petróleo em 1995, com a ajuda da compra de votos. Com a argumentação de que a empresa era internacional tentaram até mudar seu nome para Petrobrax. E ainda tentaram usar politicamente o terrível naufrágio da Plataforma P-36, que ocasionou a morte de dois trabalhadores.

Ou seja, a prática da oposição de querer desgastar a imagem da estatal é antiga. Por isso é importante que a sociedade se mobilize e se vacine contra esse plano espúrio de alguns grupos de enfraquecer a Petrobras, escondendo-se atrás de interesses econômicos e eleitoreiros que vão de encontro aos interesses do povo brasileiro. Não é assim que se faz uma oposição decente. A CPI da Petrobras é mais uma velhacaria. E contra isso só nos resta torcer o nariz e lutar pela instauração da verdade.

*Antônio Lisboa é diretor da Secretaria de Divulgação e Imprensa