Para o Correio Braziliense, professores são criminosos

Dessa vez eles foram longe demais. A “reportagem” publicada neste domingo pelo Correio Braziliense agride todos os manuais do bom jornalismo e joga sobre os professores a pecha de criminosos, caso eles façam uma greve para fazer valer os seus direitos.
O diretor de imprensa do Sinpro, Antônio Lisboa, concedeu no sábado uma entrevista de quase 40 minutos ao Correio Braziliense. É verdade que a repórter estava mais direcionada a perguntar sobre os custos da festa de 30 anos do Sinpro, mas o diretor explicou e buscou o tempo todo falar sobre os motivos da nossa mobilização. Não publicaram nenhuma linha do que foi explicado ao repórter. Infelizmente, essa recusa em nos ouvir não é uma prerrogativa apenas do Correio. Convocamos uma entrevista coletiva na terça-feira passada para apresentarmos os dados da pesquisa do Dieese, mas como se combinados, nenhum órgão de imprensa compareceu.
Os professores estão justamente indignados com a reportagem e devem rechaçar as tentativas de descaracterizar a nossa luta, nos chamando de irresponsáveis e criminosos. Essa é apenas uma mostra das forças que estão em jogo neste momento e por este motivo é que alertamos: é preciso que estejamos bastante atentos para defender nossos direitos. É apenas o começo dos ataques que sofreremos. Por isso, companheiros, consideramos que a única resposta que podemos dar a esse desrespeito é comparecer em peso ao ato, para mostrar ao governo que não nos intimidamos, porque sabemos que lutamos uma luta justa, pois a única coisa que queremos é ver cumprida uma lei.
Transcrevemos abaixo a carta que enviamos ao Correio Braziliense em resposta à matéria publicada. Esperamos que ela seja publicada, mas não nos surpreenderemos se isso não ocorrer, ou se o texto vier mutilado ou fora de contexto. Solicitamos que os professores enviem e-mails de protesto ao Correio para o seguinte endereço eletrônico cidades.df@diariosassociados.com.br e protestem veementemente contra esse verdadeiro desrespeito à categoria. Chega de mentiras! Não podemos aceitar e ficar calados diante das distorções contidas em matérias dessa natureza.

Em tempo: acreditamos que as informações solicitadas pela repórter sobre a arrecadação do Sindicato e sobre os custos da nossa festa, que, diga-se de passagem, foi um grande sucesso, com mais de 30 mil pessoas se divertindo com paz e alegria, serão utilizadas na tentativa de desmoralizar o Sinpro. A esse respeito temos a dizer que nada tememos. Nossas contas são públicas e brevemente publicaremos os custos totais da comemoração dos nossos 30 anos de luta. Não temos nada a esconder.

Ouvir o outro lado, regra básica
O Sindicato dos Professores manifesta sua mais total indignação com a forma desrespeitosa utilizada pelo Correio Braziliense para tratar da campanha salarial dos professores na edição do último domingo. Em nosso entendimento, o jornal descumpriu a regra básica do bom jornalismo, a de ouvir os dois lados envolvidos no assunto em pauta. Desde o início da semana passada temos buscado a imprensa para mostrar os dados técnicos que embasam as nossas reivindicações, mas não somos ouvidos.
Já repassamos à imprensa o estudo técnico elaborado pelo Dieese que comprova a viabilidade do reajuste. Explicamos mais de uma vez que ele faz parte de uma lei aprovada pela Câmara Legislativa e sancionada pelo governador, e é diferenciado na perspectiva de começar a construir a isonomia salarial dos professores com outras categorias de nível superior do GDF. Não apenas os professores do DF têm os mais altos salários do país, as outras carreiras, em relação a outras unidades da federação, também têm os maiores salários. Aqui no DF a carreira de professor está no 19° lugar entre 23 carreiras de mesmo nível do quadro de pessoal do DF.
Além de não nos ouvir o Correio deixou de checar os dados apresentados pelo GDF. Há uma série de incorreções que podem ser facilmente desmontadas por dados do próprio Sistema Integrado de Gestão Governamental do DF (Siggo), inclusive no que diz respeito à arrecadação e à aplicação dos recursos.
Ao invés de checar os dados, de confrontar as informações dos dois lados, o Correio preferiu acusar os professores de criminosos, caso exerçam o direito constitucional de fazer uma greve para reivindicar seus direitos e para garantir que o GDF cumpra uma lei.
Diretoria Colegiada do Sindicato dos Professores.

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