Para Julio Turra, diretor executivo da CUT, mudanças estruturais no país requerem reforma política

Para o diretor executivo da CUT Júlio Turra, a reforma política é necessária para destravar um conjunto de mudanças estruturais ainda pendentes no Brasil. Integrante do Comitê do Plebiscito Constituinte, Turra avalia que as reformas agrária e tributária, a democratização dos meios de comunicação e a luta pelos direitos trabalhistas dependem de um novo sistema político.
“Da maneira como as instituições políticas funcionam, em particular o Congresso Nacional, há um bloqueio permanente a essas reformas de fundo que interessam, sobretudo, à classe trabalhadora e aos setores mais pobres da população”, afirmou em entrevista nesta quarta (2) à Rádio Brasil Atual. O sindicalista explica que a intenção do plebiscito, previsto para acontecer em setembro– uma consulta simbólica, mas com valor político por expressar opinião popular sobre o tema –, é perguntar se a sociedade é a favor que seja convocada uma constituinte livre e soberana sobre o sistema político.
“Nosso objetivo é destravar as reformas. Como é que você vai aprofundar a reforma agrária em um Congresso dominado por latifundiários?”, questiona. O sindicalista considera desproporcional a divisão de votos entre os estados. “O voto do eleitor de Roraima ‘vale’ 10 vezes o que vale o de São Paulo. A regra elementar da democracia, um eleitor, um voto, no Brasil, no plano nacional, não existe.”
Outro ponto discutido pelo comitê é a função do Senado, que exerce papel redundante em relação à Câmara dos Deputados. “Então tem uma série de aspectos que são herdados do passado e o aprofundamento da democracia no Brasil exige mudanças”, reitera.
No próximo dia 7 de julho, vários grupos que participam da campanha pelo plebiscito pretendem fazer pinturas em murais alusivas ao tema da Constituinte nas várias capitais brasileiras. Para o dia 12 de agosto, a entidade programa um dia nacional de lutas.
O Comitê Plebiscito Constituinte pela reforma política conta com 400 escritórios espalhados pelos estados brasileiros. Foi criado em setembro passado por partidos políticos e movimentos sociais como resposta às manifestações de junho. A organização agrega 214 entidades, entre movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos e coletivos.
A presidenta Dilma Roussef (PT), após os protestos de massa no ano passado, propôs cinco pactos com a sociedade civil brasileira, dentre eles a realização de consulta popular para a reforma da constituição brasileira. De acordo com a legislação, somente o Congresso nacional pode convocar um plebiscito. E a proposta não andou.
(Do Portal CUT)