Ocupações são um reflexo do abandono da educação, dizem professores

Estudantes ocupam escolas municipais por todo o país em protesto contra a PEC 241 – em trâmite no Congresso, que estabelece um teto para os gastos públicos por 20 anos, atingindo as áreas de saúde e educação -; contra a reforma do ensino médio, proposta como medida provisória; e a escola sem partido.
“São 1.051 escolas ocupadas hoje. Esse é o resultado dessa falta de escuta do governo para com os estudantes. Os estudantes querem ser protagonistas. Eles são os sujeitos de tudo isso. Esse é o reflexo da falta de investimento, pelo abandono”, diz a professora aposentada Dorotéia Frota que, hoje, coordena o sindicato dos professores da rede municipal (Sepe-RJ).
Os educadores criticaram duramente as propostas de governo federal, questionando um sucateamento ainda maior na área, que já vem passando por uma degradação gradual.
“Tanto a PEC quanto a reforma do ensino médio fazem parte de um projeto neoliberal de Estado mínimo de que a educação que se quer para os filhos do trabalhador não é reflexiva, ela aniquila o pensamento critico”, analisa a professora da rede municipal Daniela Abreu.
“O que se quer com isso? Não se quer que esse aluno saia dali com uma grade curricular de qualidade, porque assim ele não pode concorrer com o aluno da escola particular no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)”, destacou Dorotéia.
A professora ressalta que esses mesmos estudantes são verdadeiros heróis quando se mostram capazes de se mobilizar e aprender em meio a todas as dificuldades.
“Você vê professores fazendo trabalhos belíssimos apesar da dificuldade. É uma luta diária. Já esses jovens são verdadeiros heróis, porque eles enfrentam toda essa gama de abandono e, no final do ano, conseguem mostrar aprendizado”, finalizou Dorotéia.
(do Jornal do Brasil)