Novo atraso no pagamento de reajuste pode causar onda de greves no DF
Repercutiu mal entre o funcionalismo público do DF uma declaração feita pelo secretário de Fazenda do DF, João Antônio Fleury, durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (31/1). Na ocasião, Fleury afirmou que a terceira parcela do reajuste dos servidores, que deveria ter sido paga em setembro de 2015, só será quitada quando o GDF tiver “dinheiro sobrando” em caixa.
A afirmação jogou um balde de água fria nas categorias que esperavam o pagamento do débito a partir de março deste ano, última data anunciada pelo Executivo local para o depósito dos valores. Diante da situação, servidores se articulam para pressionar o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), o que pode gerar uma nova onda de greves no funcionalismo público do DF.
Entre os grupos que já se preparam para um enfrentamento com o governo, está o Sindicato dos Servidores Públicos da Administração Direta, Autarquias, Fundações, e Tribunal de Contas do DF (Sindireta-DF). Responsável pela representação de 17 categorias, a entidade reúne cerca de 45 mil servidores.
Segundo o presidente do Sindireta-DF, Ibrahim Yusef, a articulação do GDF continua a ser “péssima”. “O governo, mais uma vez, não busca nenhuma solução para resolver o problema. Diante desses fatos, vamos ter de marcar uma assembleia para definir ações e forçar a mão do Rollemberg”, afirma. De acordo com o sindicalista, o encontro entre os servidores deve ocorrer no início de março.
Yusef afirma que, ao longo de fevereiro, serão realizadas reuniões setorizadas para a aglomeração de demandas. Para ele, a possibilidade de uma greve generalizada é real. “Estamos nos encaminhando para ter um movimento de paralisação. Já que o governo não apresenta nenhuma proposta, não temos outra opção a não ser parar as atividades”, finaliza.
Educação e Saúde
Em situação parecida também estão os servidores da educação. O Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) já tem assembleia marcada para o próximo dia 13 de fevereiro, às 9h30, em frente ao Palácio do Buriti, com indicativo de greve. De acordo com o diretor do Sinpro-DF Samuel Fernandes, a sensação na categoria é de “contagem regressiva”.
Uma das sindicalistas que mais tem criticado o governo de Rodrigo Rollemberg, Marli Rodrigues, presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Sindsaúde-DF), classifica a declaração do secretário de Fazenda como “irresponsável”. “É a cara do governo Rollemberg e demonstra a falta de respeito do GDF com os servidores e, por consequência, com a população”, alega.
Marli Rodrigues também reforça o coro e indica uma possível paralisação dos servidores da Saúde. “Logo depois do carnaval, a categoria vai começar a se mobilizar para um enfrentamento e há, sim, possibilidade de greve. Mesmo com a covardia do corte de ponto, não podemos continuar sofrendo sem fazer nada”, diz a sindicalista.
Relatório de gestão
Em coletiva de imprensa nesta terça-feira (31), o secretário de Fazenda, João Antônio Fleury, afirmou que o GDF começa o ano com R$ 71,8 milhões em caixa, sendo que tem mais de 2,6 bilhões de dívidas a pagar. Levantamento da pasta também mostra que o Executivo continua acima do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Na média dos últimos 12 meses, o governo gastou 46,82% das receitas com o pagamento de servidores. O limite é de R$ 46,55%. Ainda de acordo com o secretário, o atraso nos reajustes não é questão de “maldade”, mas de prioridade. “Se eu der o aumento dos servidores, não vou pagar os salários em dia”, justifica.
Arrecadação acima da inflação
No entanto, balanço de arrecadação do GDF em 2016 mostra o contrário do discurso adotado pelo Executivo ao longo da gestão Rollemberg. Embora o governo alegue ter dificuldades orçamentárias, a verba angariada com impostos e taxas cresceu 11,60% em 2016 em comparação com 2015. O percentual é o dobro da inflação registrada no ano passado, de 5,62%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com a conclusão dos dados do Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo), a receita estimada em R$ 14,3 bilhões subiu para R$ 14,7 bilhões em 2016. Se comparada com 2015, quando a arrecadação foi de R$ 13,204 bilhões, a diferença é de R$ 1,532 bilhão.
(do Metrópoles)