Movimentos sindical e sociais lotam a Câmara em ato "Fora Bolsonaro"

Mais de 300 pessoas lotaram o auditório Nereu Ramos, localizado na Câmara dos Deputados, nessa quarta feira (17). Em um ato de solidariedade à parlamentar Maria do Rosário (PT-RS) e a favor da cassação do mandato do deputado federal reeleito Jair Bolsonaro (PP-RJ), movimentos que apoiam a democracia e as causas sociais mobilizaram-se para deixar clara a sua indignação referente aos recorrentes atos desrespeitosos, machistas, homofóbicos, racistas e intolerantes do deputado. fora_bolsonaro1
Apesar de já ser conhecido por sua postura radical e intolerante e colecionar processos judiciais referentes a esse tipo de ação, no último dia 9, Bolsonaro reafirmou o seu total desrespeito ao parlamento e dentro da casa do povo agrediu verbalmente a deputada Maria do Rosário, dizendo que só não estupraria a parlamentar porque a mesma não merecia que ele o fizesse.
“Não admitimos viver em uma sociedade que tem a ideia inaceitável de que o estupro é um prêmio. O merecimento está intimamente ligado à culpa, ambos pensamentos opressores e disseminadores de violência. Nenhuma mulher merece ser estuprada, assim como nenhuma mulher tem culpa quando uma violência é cometida contra ela”, afirmou Maria do Rosário.
Somos todas Maria do Rosário
fora_bolsonaro4Um grupo de 22 segmentos sociais assinou uma carta aberta ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar pedindo a cassação do mandato de Jair Bolsonaro e a sua punição na Justiça.
O movimento de proporção nacional está mobilizando todas as juventudes organizadas, marchas e entidades de mulheres, LGBT’s, centrais sindicais e demais movimentos trabalhistas.
A CUT foi uma das principais entidades articuladoras do ato e realizou reuniões ao longo da última semana com o intuito de organizar este e outros eventos. “Maria do Rosário, sinta-se apoiada pela Central Única dos Trabalhadores”, declarou Roseana da Silva, secretária de mulheres da CUT Nacional.
Assim como os demais órgãos públicos, a Câmara dos Deputados entrará em recesso de fim de ano. Ao longo desse período, as militâncias continuarão divulgando a causa e apoiando a deputada, que é conhecida por apoiar e liderar campanhas a favor dos direitos humanos. A partir do dia 1° de janeiro, os movimentos retornam às ruas para pedir o afastamento do deputado.
“Há momentos que se transformam em símbolos. Eu não sou o símbolo, mas esse auditório lotado é. Eu agradeço a cada entidade presente, cada gesto de apoio que tenho recebido. E quero dizer a vocês que as vítimas de violência não calam. Todas as que sofrem estupro e as que lutam por isso, falam por nossas vozes hoje”, declarou Maria do Rosário.
A deputada aproveitou a ocasião para defender a reforma política como alicerce para as grandes mudanças no Congresso Nacional.
Além das entidades ligadas aos partidos que apoiam publicamente a causa de Maria do Rosário, a deputada Rebeca Garcia, do PP de Amazonas (mesmo partido de Bolsonaro), pronunciou-se na mesa e declarou que não compactua com os atos cometidos pelo parlamentar e que a tribuna não deve ser usada para esse tipo de pronunciamento feito por Bolsonaro, que ao invés de promover a liberdade de expressão agride o estado democrático de direito e a Constituição Federal.