Movimento sindical precisa ampliar articulação nas redes digitais

A blogueira e educadora Maria Frô e a representante do coletivo Fora do Eixo Dríade Aguiar estiveram na reunião da Direção Executiva da CUT, nesta quarta-feira (23), para falar sobre a importância de o movimento sindical aprimorar a comunicação nas redes digitais.
Maria Frô destacou que é preciso aprender a conviver com o modelo de comunicação virtual, que rompe com o modelo institucional, porque não tem hierarquia nem representantes na mediação do diálogo com a sociedade. “O papo é direto”, definiu.
Ela apontou também a necessidade de investir em formação em redes digitais, pois cada dirigente ou militante é formador de opinião e acaba visto como representante da CUT.
“Muitas vezes os movimentos sociais perdem o debate por incapacidade de nos comunicarmos e precisamos também criar capacidade de escutar. A esquerda é muito desmobilizada nas redes sociais ou digitais e precisa militar tanto off quanto online”, avaliou.
Como parte da estratégia para reverter essa realidade, a blogueira comentou que a Central promove até o final deste ano o primeiro curso de formação de formadores em comunicação, em parceria com a Universidade de São Paulo, para preparar dirigentes e assessores a construir regionalmente um sistema articulado de produção de informação e intervenção nas mídias digitais.
Maria Frô observou ainda que grande parte da juventude está em disputa, sem definição entre a direita e a esquerda, porque não acredita na política institucional. Para ela, esse descrédito também é reflexo da dificuldade dos movimentos sociais em dialogar para além do próprio espaço.
“Não vejo outro segmento mais capacitado do que o movimento sindical para disputar esse espaço, porque já faz política. Agora, precisa aprender a fazer política também nas redes”, definiu.
Trabalho coletivo – Coordenadora de Comunicação do Coletivo Fora do Eixo, Dríade Aguiar, explicou que a iniciativa funciona sem um controle central e apostando na descentralização da comunicação, dentro de um processo de convivência coletiva entre os integrantes.
 
“A nossa diferença em relação aos movimentos sociais tradicionais é que somos práticos. Dividimos salário, computador, carro, armários. Não estamos desenvolvendo uma teoria marxista para depois verificar como executar. Construímos isso na prática”, disse.
Sobre o braço do Coletivo que ganhou notoriedade em 2013 por conta da cobertura independente das manifestações de junho, a Mídia Ninja, ela conta que quem entra já chega investindo em equipamentos e viagens para que o sistema continue funcionando.
A respeito da atuação da Central, ela acredita que não pode abrir mão das redes sociais, “fundamentais” para avançar em qualquer aspecto político. Porém, segundo ela, a CUT deve avaliar como pode trocar experiências nesse espaço, ingressando com uma visão ampliada e com respeito à juventude. “No Fora do Eixo, a política não vem de cima para baixo. Muitas vezes, ela é aplicada num grupo regional e depois é o coletivo nacional que corre atrás para se adaptar.”
Ao final, a secretária de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, acrescentou que a política de comunicação da Central, no ambiente virtual ou nas ruas, não pode depender apenas dos trabalhadores envolvidos diretamente com a informação. “Ou a comunicação se transforma em uma ação do nosso dia a dia ou não conseguirá se constituir, caso dependa só da ação dos jornalistas”, falou.
Escrito por: Luiz Carvalho