Morre a CLT, mas força da classe trabalhadora se mantém viva

Nem a chuva foi capaz de desanimar as várias categorias que se uniram em defesa de seus direitos nessa sexta (10), no Dia Nacional de Mobilização, Luta e Paralisação. Na data que antecedeu o dia em que a nefasta reforma trabalhista entra em vigor no país, o Espaço do Servidor, na Esplanada dos Ministérios, ficou completamente lotado por trabalhadores, estudantes e representantes dos vários segmentos da sociedade civil. Ali, todos estavam ligados e mobilizados em prol da mesma causa: combater as medidas decorrentes do golpismo e traçar estratégias de atuação para o próximo período.
O espaço para receber os manifestantes foi preparado no início da manhã. Uma tenda, para resguardar da chuva, uma mesa com café e chá para aquecer o corpo e caixas de som para auxiliar nas falas. Esses foram os ingredientes necessários para que Temer fosse condenado.
Em uma tribuna popular, o golpismo foi posto abaixo. Um a um, os representantes de cada categoria foram denunciando o processo de desmonte do Estado. Retirada de direitos, trabalho escravo legalizado, privatização das estatais, fim das políticas públicas, ataques aos indígenas e quilombolas, desvalorização do serviço público e outros. Nada foi esquecido e o povo decidiu: Temer jamais!
Para Cleiton Moraes, do Sindicato dos Bancários de Brasília, a denúncia popular pode ser a solução para combater o retrocesso. “As categorias, de uma forma geral, estão conscientes dos ataques que estão colocados. Agora, cabe ao movimento sindical ir ao encontro da sociedade e disseminar o debate. É uma tarefa imperiosa. Precisamos ir às ruas, feiras e todos os espaços para construirmos o caldo de resistência popular e, assim, barrar o processo de desconstrução da soberania nacional”, apontou.
Avaliação semelhante fez o ativista cultural do Coletivo Aurora dos Oprimidos, Reginaldo Dias. Ele apontou que o movimento, atuante em Ceilândia, tem realizado várias ações para mobilização da população local. “A única forma de revertermos essa série de retrocessos que está sendo imposta é com a mobilização popular, por meio de greves, ocupações. Só assim conseguiremos ter um país justo e democrático”, disse.
Já o secretário de políticas públicas da CUT Brasília, Yuri Soares, acredita é preciso ir além e resistir. “Assim como superamos momentos difíceis no passado, vamos conseguir reconquistar nossos direitos trabalhistas, revogar essas medidas, tirar esse governo e colocar o país nos trilhos”, afirmou.
“Neste dia de lutas, organizamos a classe trabalhadora em Brasília para o enfrentamento à nova legislação trabalhista que ataca os direitos da classe trabalhadora, e engrossamos também a luta pelo enfrentamento ao fim das aposentadorias, que tenta ser implementado por Temer e seus aliados no Congresso. Também marcamos presença contra a MP do arrocho, contra a entrega do patrimônio do povo brasileiro. Ou seja, em defesa da soberania nacional, da cidadania plena. Em defesa do povo brasileiro!”, afirma o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.
O Dia Nacional de Mobilização, Luta e Paralisação marcou o dia 10 de novembro em todo o país. Em São Paulo, segundo a CUT Nacional, 20 mil pessoas ocuparam a Praça da Sé. Em Goiânia (GO), a manifestação foi na Praça do Bandeirante. Em Friburgo, Santa Catarina, agricultores familiares debateram a reforma trabalhista e previdenciária. No Paraná, trabalhadores ocuparam a Boca Maldita para dizer não ao golpismo. Quase duas mil pessoas estiveram nas ruas do Amapá protestando contra as reformas da Previdência e trabalhista. Nas ruas de Maceio, em Alagoas, camponeses saíram às ruas em defesa da classe trabalhadora. Em Pernambuco, a avenida Agamenon Magalhães foi tomada pelos manifestantes. Em Fortaleza, 10 mil foram às ruas contra o golpismo e o fim dos direitos. Essas foram apenas algumas manifestações realizadas Brasil afora.