Meritocracia e OS são debatidos na 6ª Conferência Distrital de Educação

A Meritocracia e as Organizações Sociais foram os temas debatidos na primeira mesa da tarde desta sexta-feira (24) da 6ª Conferência Distrital de Educação, que está sendo realizado na Eape (907 Sul). O evento teve início hoje e será encerrado neste sábado (25). Para falar sobre as temáticas foram convidados a professora da rede pública estadual do Rio Grande do Sul e doutora em Políticas Públicas e Gestão da Educação pela UnB, Juçara Dutra Vieira, e o estudante do Colégio Estadual Olavo Bilac de Goiânia (GO), Gabriel Bernardes Coelho Lima.
Abrindo o debate, Gabriel Coelho lembrou a luta que professores e estudantes da rede pública do estado de Goiás vêm travando contra a política neoliberal do governador Marconi Perillo. Segundo o estudante, não é de hoje que o governo de Goiás tem preparado o terreno para implantar a “Gestão Compartilhada” da Educação Pública do Estado com Organizações Sociais. Apesar desta “entrega” ser tratada por Marconi como algo positivo para a educação, Gabriel afirma que a manobra traz, a curto prazo, enormes prejuízos para educadores e para a comunidade escolar. “O governador vai para a televisão afirmar que a educação do estado ganhará muito com as OS, mas na prática sabemos que será um grande retrocesso na história da educação. Já ocupamos várias escolas, temos lutado muito para que esta manobra não seja concretizada e vamos até o fim contra este retrocesso”, afirma Gabriel.
Estudiosa sobre a meritocracia, a professora Juçara Dutra afirmou que as lutas travadas por educadores de todo o País ajudaram na conquista do espaço que hoje temos. Porém, lembrou que diante da conjuntura política alicerçada no neoliberalismo, vivemos um período de crise ideológica e perigo de retrocesso às conquistas e avanços conquistados pelos trabalhadores da educação.
Modelo de gestão de pessoas no qual as posições hierárquicas e os salários estão baseados na performance, na competência, no talento, no nível de escolaridade, no esforço e, principalmente, na entrega de resultados, a meritocracia traz, em si, um alto grau de subjetividade. Segundo a professora Juçara, isso representa uma gradativa responsabilização do professor e da escola pelos resultados obtidos, cabendo ao governo o gerenciamento do sistema, estabelecendo as metas que devem ser alcançadas.
“Se a nossa escola não estiver centrada em valores, perde-se muito da sua função social. Como educadores, precisamos lutar por uma escola que promova a igualdade de valores, que lute pelo fim das desigualdades e, principalmente, por uma escola pública de qualidade. Temos de repensar o papel da educação através da busca pelo direito do trabalhador e não na disputa por espaço respaldado em um conceito elitista e de mérito”, analisa Juçara.