Sinpro participa da Marcha das Margaridas com mais de 70 mil trabalhadoras rurais

Desde às 7hs da manhã desta quarta-feira, dia 17 de agosto, mais de 70 mil mulheres trabalhadoras rurais de todo país caminham em direção ao Congresso Nacional durante a 4ª Marcha das Margaridas. O Sinpro participou ativamente do evento. A diretora do Sindicato e Coordenadora da Secretaria de Política para Mulheres do Sinpro, Eliceuda França, destaca que “a IV Marcha das Margaridas mostrou toda a força da mulher do campo, da floresta e da cidade. 100 mil mulheres, no calor do cerrado, cantaram bem alto e marcharam juntas para reafirmar os compromissos e determinação em lutar por uma sociedade que reconheça os direitos das mulheres, que fortaleça o desenvolvimento sustentável com justiça, autonomia e liberdade, protestando contra a pobreza e toda a forma de violência. Mulheres na rua, fazendo revolução, mudando a história.” Vários diretores e companheiros da base, ficaram desde às 6h30 da manhã, até o fim do dia participando do evento. Depois a Marcha todos voltaram para o Parque da Cidade onde ficaram aguardando a presença da Presidente Dilma. Um evento que fica para a história e que contou com a participaçao maciça das professoras e professores da rede pública do DF.
Na solenidade de abertura da Marcha das Margaridas, ativistas e ministros exaltaram o poder de diálogo conquistado pelo movimento de mulheres do campo e da floresta a partir da mobilização social. Ontem elas tiveram um dia de intensa mobilização. Desde 2000, elas rumam à capital federal para protestar e cobrar o poder público a cada quatro anos. Na quarta edição, iniciada nesta terça-feira (16), a conquista de espaço junto ao poder público foi motivo de comemoração, mas as demandas por avanços no combate à desigualdade de gênero ainda são amplas.
O primeiro dos dois dias de mobilização começou com a recepção às comitivas de todas as regiões do país. A estimativa das organizadoras é de que 50 mil mulheres estejam instaladas na Cidade das Margaridas, montada no Parque da Cidade, em Brasília. Há expectativa de que seja possível alcançar a meta de 100 mil até esta quarta-feira (17), quando ocorrem as manifestações propriamente. Os alojamentos onde estão instaladas as mulheres do campo, da floresta e da cidade têm cobertura e piso de lona. Sobre a forração de plástico é que são posicionados os colchonetes durante a noite. As filas longas são regra durante as refeições, mas reina o espírito de solidariedade.
Nesta terça, além de receber as delegações, houve a prepração para a marcha, com oficinas de formação e duas mesas de debate sobre desenvolvimento sustentável, relacionados aos sete eixos que compõem a pauta entregue ao governo na semana passada. À tarde, uma solenidade marcou o lançamento da marcha.
Visíveis
Apesar do atraso de quase duas horas, o ato foi prestigiado por ministros de Estado e parlamentares, além de Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal. Carmem Foro, coordenadora geral da Marcha das Margaridas, secretária de Meio Ambiente da CUT e secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), lembrou que muitas das mulheres deixaram suas casas há dois ou três dias, tomando barco e ônibus como meio de transporte, para chegar até Brasília.
Carmem Foro se definiu como uma “cabocla da Amazônia”, citando sua origem na área rural do Pará, que integra o bioma. “Muitas mulheres aqui presentes veem de uma realidade política bem difícil. Muitas aqui eram invisíveis e, desde a primeira marcha, em 2000, conseguimos quebrar essa invisibilidade política. A quarta marcha de amanhã (quarta-feira) tem muita importância para todas as mulheres, porque é a primeira vez em que marcharemos tendo uma mulher como presidenta da República.”
Estiveram presentes também como representantes da CUT, Vagner Freitas, Secretário de Administração e Finanças, e Jacy Afonso, Secretário de Organização. Uma das homenageadas foi a pernambucana Elizabeth Teixeira, de 86 anos. Viúva do fundador das Ligas Camponesas João Pedro Teixeira, assassinado em 1962, ela criou sozinha 11 filhos no meio rural. A escolha foi uma forma de lembrar das mulheres ameaçadas ou assassinadas no campo. Segundo a Contag, em 10 anos, as mulheres ameaçadas de morte na região amazônica passaram de 7% para 20% dos nomes listados anualmente pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Iriny Lopes, ministra da Mulher, foi a única representante do governo a falar. Ela confirmou que, ao participar da marcha, nesta quarta-feira, a presidenta Dilma Rousseff anunciará medidas do Executivo federal para atender à pauta de reivindicações entregue na semana passada pelas lideranças da Contag.
“O Estado precisa fazer sua parte para que seja superada a desigualdade de gênero”, defendeu Iriny. “Mas já adianto aqui para vocês que, com certeza, a presidenta Dilma irá fazer diversos anúncios para que sejam cumpridas as pautas que vocês apresentaram a nós nos próximos quatro anos, ainda no governo da Dilma.”
O presidente da Contag, Alberto Ercílio Broch, relembrou a primeira marcha, em 2000, quando a mobilização teve como alvo o modelo neoliberal promovido pelo governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Desde então, o ato se incorporou à agenda das mulheres no país e, hoje, é considerada a maior mobilização de mulheres da América Latina. “As mulheres aqui presentes são sofridas, simples, humildes e ajudaram a viabilizar a marcha.” Apesar de a lista de reivindicações das ativistas ainda ser extensa, Broch reconheceu avanços em relação à política para os agricultores familiares e para comunidades extrativistas.