Máquinas e venenos no lugar de escravos

“O modelo do agronegócio é o mesmo do sistema colonial, a única diferença é que eles substituíram a mão de obra escrava por maquinários e por toneladas de venenos. A lógica continua a mesma: transformar tudo em mercadoria”, afirmou João Pedro Stédile, coordenador do MST, durante debate na manhã deste sábado, 15, no 9º CTE. Ele participou da mesa  que discutiu código florestal, agrotóxico, segurança e soberania alimentar, juntamente com o chefe do Departamento de Saúde Coletiva da UnB, Fernando Carneiro.
Alguns números impressionaram, em especial aqueles que mostraram a quantidade de resíduos e agrotóxicos em alguns alimentos, o resultado de uma pesquisa da qual participou o professor da UnB . Stédile lembrou que a Bunge, a Cargill e a Shell detêm juntas 51% das propriedades que plantam cana de açúcar para fabricar etanol. Ele denunciou também a influência cada vez maior das empresas transnacionais e dos bancos no chamado agronegócio.
Fernando Carneiro corroborou a fala de Stédile e lembrou que o modelo que sobra para o Brasil nesse sistema é a de simples exportador de produtos primários e comoditties.”É esse o papel que a quinta economia do mundo vai aceitar?”, questionou Carneiro. Ele lembra que se os agrotóxicos fazem mal  à saúde de todos, é ainda pior para os trabalhadores do campo que são triplamente contaminados. Os que ousam denunciar são silenciados e mortos.
Ao final os dois debatedores concordaram que os professores e as professoras podem ter papel fundamental na tarefa de levar a informação sobre essa situação para população urbana para que pela pressão popular se possa mudar esse quadro de falta de fiscalização e supremacia do lucro em detrimento da vida humana.