Lançada a terceira edição da revista Sinpro Mulher

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Diretoria do Sinpro-DF no lançamento da terceira edição da Sinpro Mulher

A Secretaria para Assuntos e Políticas para as Mulheres do Sinpro-DF lançou a terceira edição da revista Sinpro Mulher no início da noite desta sexta-feira (24). Com o lançamento, a diretoria encerrou o primeiro dia da 6ª Conferência Distrital de Educação.
“Nosso desafio era produzir um instrumento que dialogasse, incentivasse e enriquecesse o debate na escola. Nesta edição, gostaríamos que vocês nos chamassem, na escola, principalmente nos espaços de coordenação pedagógica. As matérias apresentadas na revista não vêm na perspectiva de promoção de escolas, direção, pessoas, e sim de  empoderamento de todas as mulheres para a luta”, disse Eliceuda França, coordenadora da Secretaria para Assuntos e Políticas para as Mulheres.
A edição 2016 traz novas reportagens sobre a violência contra a mulher analisadas sob a lente do golpe de Estado, que retirou Dilma Rousseff, eleita democraticamente, da Presidência da República. Um golpe permeado de vários tipos de violências sexistas e misóginas que se refletem nas outras tentativas de golpes na educação, saúde, na luta dos povos indígenas pelas suas terras, na luta das mulheres negras contra a violência e em defesa do bem viver, na previdência Social entre outras.
“Fomos buscar muitas histórias que não cabem em 40 páginas. Mas, sintam-se, todas e todos, representados aqui. Afinal, estivemos presentes com muitas mulheres nas marchas que fizemos pelo país afora, como camponesas, negras, indígenas, e também nas marchas contra o golpe, bem como nas praças fazendo o enfrentamento às muitas formas de violência contra a mulher. A revista Sinpro Mulher é pequena, mas é grande porque carrega a nossa coragem, a nossa unidade e a nossa ousadia de enfrentar e transformar”, disse Eliceuda.
A Sinpro Mulher 2016 relembra o golpe na discussão de gênero, cuidadosamente inserido no Plano Nacional de Educação (PNE) e no Plano Distrital de Educação (PDE) como um dos mais importantes mecanismos de superação das desigualdades no país, contudo, minuciosamente detectado e devidamente retirado por parlamentares fundamentalistas e comprometidos com a concepção conservadora de gestão dos recursos e patrimônio públicos.
“O intuito é de contribuir com o fazer pedagógico, de fomentar e provocar esse debate na sala de aula porque nós não vamos obedecer aquilo que a Câmara Legislativa do Distrito Federal nos impôs: o silêncio sobre o debate de gênero. Vamos fazer sim! Vamos provocar esse debate. E alerto: se nós, professoras e professores, não o fizermos, os (as) estudantes farão. E aí vamos ter este instrumento com o qual podemos nos formar e nos informar para poder alimentar este debate na sala de aula”, avisa Vilmara Carmo, diretora da Secretaria de Assuntos e Políticas para Mulheres Educadoras do sindicato.
Na revista, lideranças sindicais, educadoras e feministas analisam o golpe na educação pública por meio do projeto fundamentalista e privatista Escola sem Partido, que propõe desconstruir o currículo escolar e cassar a liberdade de cátedra dos (as) professores (as). Neliane Cunha, também diretora de Mulheres do Sinpro-DF, por sua vez, fez uma breve análise da situação do país e disse que é importante, durante a luta sindical, haver momentos como este, de lançamento de uma revista como a Sinpro Mulher.
“Ela já era para ter sido lançada, mas com a conjuntura que dominou o Brasil desde 1º de janeiro deste ano, a gente quis mesmo trabalhar, nesta conjuntura de golpe de Estado, o empoderamento e o que significa esse golpe contra nós, mulheres. E também lançar esta revista no momento em que tentam nos amordaçar, nos calar, porque, como eu disse durante uma
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Da esquerda para a direita: Neliane Cunha, Eliceuda França e Vilmara Carmo

audiência pública no Senado Federal, contrapondo-me a algumas feministas que dizem haver o machistério, e eu disse que há pessoas que têm uma prática pedagógica diferente da que defendemos e queremos de uma sociedade igualitária, mas há muita gente boa no chão da escola fazendo a diferença e é por isso que estão tentando nos calar. Não tentariam nos calar se a educação não estivesse caminhando para a igualdade, para a sociedade que queremos”, disse.
Durante o lançamento, Eliceuda retoma a palavra e informa que este ano a Secretaria de Mulheres completou 10 anos e que, durante 5, produziu o Jornal Sinpro Mulher. Conta que a  diretoria compreendeu a importância do instrumento que dialogasse com a questão de gênero e percebeu, posteriormente, que o jornal não cumpria mais essa tarefa. Com isso, entendeu que a revista seria a saída para cobrir essa lacuna. Ela descreve a força da foto da capa e explica que, na terceira edição, todas as mulheres gritam o mesmo grito. “A foto da capa é muito significativa. É de uma companheira que estava na I Marcha das Mulheres Negras. Esse grito, essa força dela, faz a grande diferença para todas nós. Em breve estaremos chamando para um debate político sobre a pauta da revista Sinpro Mulher 2016”.
A coordenadora da Secretaria de Mulheres do Sinpro-DF informa, ainda, que a revista nasceu para ser usada. “É para vocês usarem, brincar, rabiscar, insistir com a nossa direção do sindicato para fazermos mais porque ela é importante. “Ela não nasceu da ideia de três ou 39 diretoras e diretores. Ela nasceu do ideal do Coletivo de Mulheres Educadoras, as quais se reúnem, conversam, divergem e fazem acontecer. É o exercício da democracia que nós insistimos”.
Fotos: Deva Garcia
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