Imoral e indecente é mentir e não cumprir acordos

Em entrevista ao programa jornalístico DFTV 2ª Edição, da Rede Globo de Televisão, que foi ao ar na noite do dia 10, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, deu um verdadeiro show de hipocrisia. Não só ousou classificar o movimento reivindicatório legítimo das professoras e professores do ensino público do DF de “imoral”, mas, também, chamou a categoria de “indecente” ao “propor” que os “recursos da merenda” fossem utilizados para pagamento salarial, o que não fizemos em nenhum momento. (ver íntegra da fala de Agnelo ao final deste texto).
Cabe-nos indagar se o senhor governador sabe, realmente, o que significa o termo imoral (definição do Dicionário Aurélio: contrário à moral, desonesto, libertino). Para nós, educadoras e educadores, pedir o cumprimento de um acordo assinado nada tem de imoral, muito pelo contrário, é legal, justo e legítimo. Assim como, o movimento grevista dos trabalhadores desse país é um direito legítimo, previsto na Constituição Federal e conquistado após muitos anos de luta.
Chamar nossa greve de “imoral” é ofender toda a classe trabalhadora e não apenas os profissionais da Educação. Aliás, cabe-nos lembrá-lo de que o partido que o levou ao poder participou ativamente da luta pela conquista do direito de greve.
Imoral, senhor governador, é inventar que propomos que nosso reajuste fosse concedido com dinheiro retirado da merenda de nossas alunas e alunos. Principalmente, quando sabemos que isso foi feito deliberadamente para tentar colocar a opinião pública contra nossa categoria. Será que o senhor “desconhece” que os recursos da merenda escolar vêm de um fundo específico para isso?
Somos profissionais responsáveis, comprometidos com a qualidade da Educação e o senhor sabe, perfeitamente, que jamais fizemos qualquer proposta para garantir reajuste da categoria retirando recursos da merenda escolar. Ao contrário de sua declaração, uma de nossas lutas é justamente para que o governo aumente os recursos da merenda escolar de forma a garantir qualidade, com variedade e quantidade.
Fazemos isso, principalmente, por saber que a situação da merenda piorou muito durante sua gestão. No ano passado o Sinpro recebeu inúmeras denúncias das escolas de problemas com a qualidade e às vezes a falta pura e simples de merenda.
Imoral, senhor governador, além de mentir é assinar um acordo e não cumprir!
 
Íntegra da declaração do governador: “esse pedido é absolutamente indecente. Chegaram ao ponto de propor pegar recurso de custeio, da merenda, para pagar os professores, isso é uma coisa absolutamente imoral”.