Igreja em SP parte para ofensiva contra as reformas de Temer

A paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Itaquera – distrito da Zona Leste da cidade de São Paulo – pôs o dedo na ferida, abordando de maneira direta o tema das reformas previdenciária e trabalhista junto aos fiéis.
Em um panfleto datado do último dia 19 de março e que correu as redes sociais, um trecho da “Oração dos Fiéis” cita Temer e os parlamentares com uma mensagem de dura crítica às contrarreformas: “Senhor, vede o sofrimento do povo brasileiro, golpeado e traído pelo governo Temer e pela maioria dos deputados e senadores que retiram direitos constitucionais adquiridos, pedimos”.

Para o pároco, padre Paulo Sérgio Bezerra, o semanário litúrgico, que é da própria igreja, “sempre teve essa linha mais crítica” nos 12 anos em que tem circulado. A diferença, afirma, é que, “com as redes sociais, essas coisas ganham mais visibilidade”.
Padre Paulo Bezerra questiona: “Se não trazemos essas situações para a liturgia, para que servem as orações dos cristãos?”

Para ele, é “missão da Igreja e dos padres despertar a consciência crítica do povo – para não ser massa, mas povo”.
“Muitas vezes, o que fazemos é traduzir em orações simples, curtas e com uma linguagem mais direta o que está por aí, no cotidiano, ou mesmo em manifestos como o da CNBB – até porque é muito mais fácil guardar a mensagem como em oração do que como um texto ou uma declaração”, avaliou.
Bezerra garantiu ter o aval do bispo Manuel Parrado Carral, da Diocese de São Miguel Paulista, para as mensagens de teor político.
Ataque à violência contra LGBT – A menção a Temer e aos congressistas não é a primeira polêmica em que o padre de Itaquera se envolve. Em 2015, também na “Oração dos Fiéis”, os presentes eram conclamados a suplicar contra “a ofensiva homofóbica, fundamentalista e histérica presente no Congresso Nacional” e a enfrentar situações como essa “com ousadia e serenidade” e em defesa de “causas libertárias”. Na ocasião, o texto pedia ainda pelo diálogo sobre as sexualidades, para que isso levasse “as igrejas cristãs a superar a demonização das relações afetivas”.