“Hoje eles rasgam livros; amanhã poderão dizimar vidas”, diz dirigente da CUT sobre caso na UnB

O fato vai muito além de um ato de vandalismo. “O que aconteceu na UnB é uma clara demonstração do avanço do fascismo, que vem se instalando sem pudores em nossa sociedade. É a tentativa do aniquilamento das oposições mediante o uso da violência, do terror, do medo, na manipulação das informações; a aversão total a conquistas sociais. Um agravante é que o fato aconteceu na biblioteca de uma universidade federal idealizada por Darcy Ribeiro, um ícone da defesa da educação como ferramenta essencial na transformação e na busca de soluções para os problemas da sociedade brasileira. Isso é chocante”, declara Ismael José César, que representa a Central no Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH).

Na reta final das eleições de 2018, marcada pela resistência ao fascismo, a direção da Biblioteca Central da Universidade de Brasília (BCE/UnB) lançou, nessa quarta-feira (4/10), nota que denuncia o dano proposital de cinco livros que abordam a temática dos direitos humanos. Obras sobre as lutas contra a ditadura no Brasil e em defesa de direitos foram praticamente partidas ao meio. Segundo o documento, a BCE/UnB abrirá processo junto à Polícia Federal para averiguar o caso.
Para o dirigente da CUT, Ismael José César, que representa a Central no Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), o fato vai muito além de um ato de vandalismo. “O que aconteceu na UnB é uma clara demonstração do avanço do fascismo, que vem se instalando sem pudores em nossa sociedade. É a tentativa do aniquilamento das oposições mediante o uso da violência, do terror, do medo, na manipulação das informações; a aversão total a conquistas sociais. Um agravante é que o fato aconteceu na biblioteca de uma universidade federal idealizada por Darcy Ribeiro, um ícone da defesa da educação como ferramenta essencial na transformação e na busca de soluções para os problemas da sociedade brasileira. Isso é chocante”, declara.
De acordo o dirigente sindical, as eleições do próximo dia 7 de outubro serão determinantes para validar ou não atitudes como essa. “Hoje eles rasgão livros; amanhã poderão dizimar vidas. A gente pode achar isso muito longe da realidade. Mas o fato é que temos como um forte candidato à presidência do Brasil um representante dos ideais fascistas, que é Jair Bolsonaro. Para ele, o medo e a aniquilação de todos os direitos sociais e trabalhistas que conquistamos devem reger o Brasil nos próximos quatro anos. Isso é lamentável, e por isso a gente precisa votar com muita consciência nessas eleições”, avalia Ismael César.

Debate dos presidenciáveis

No último debate entre presidenciáveis antes do primeiro turno, realizado nessa quarta-feira (4/10), a instalação do fascismo e a volta da ditadura foi pautada. Os candidatos Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL) fizeram uma dobradinha para abordar o tema e colocaram discursos emocionantes em rede nacional.
Aproveitando uma pergunta de Haddad, Boulos disparou: “o momento é grave. Estamos há meses em uma campanha marcada pelo ódio. Faz 30 anos que esse país saiu de uma ditadura. Muita gente morreu, muita gente foi torturada. Tem mãe que não conseguiu enterrar o filho até hoje. Faz 30 anos mas acho que nunca estivemos tão perto. Se estamos hoje discutindo o futuro do brasil é porque gente derramou sangue para isso. Quando eu nasci o Brasil estava numa ditadura. Não quero que minhas filhas cresçam numa ditadura. Sempre começa assim. Acho que a gente tem que dar um grito, um basta: ditadura nunca mais!”.
Haddad completou: “sem democracia não há direitos. Se foi possível fazer o jovem trabalhador entrar na universidade, isso tudo se deve à democracia. É a liberdade que te permite votar, reivindicar. O que está acontecendo no Brasil é um descalabro”.
Fonte: CUT Brasília