Governo prepara nova reforma da Previdência; CUT rechaça

O ano mal começou e as lutas para os(as) trabalhadores(as) já se apresentam. Na abertura do ano legislativo, na terça-feira (2), a presidente Dilma Rousseff defendeu em seu discurso no Congresso Nacional mais uma reforma da Previdência .
Em sua fala, Dilma atrelou a política fiscal à sustentabilidade do sistema previdenciário em um contexto de envelhecimento da população.
“Mantidas as regras atuais de aposentadoria, esse percentual tende a aumentar exponencialmente, diante do envelhecimento esperado da população brasileira. Um dado ajuda a explicitar nosso desafio: por exemplo, em 2050, teremos uma população em idade ativa similar à atual. Já a população acima de 65 anos será três vezes maior. E de hoje até lá, este será um processo que passará por uma vez maior, duas vezes maior até chegar a três vezes maior. Há várias formas de preservar a sustentabilidade da Previdência Social e vamos apresentar nossas propostas. E considerar as demais propostas em todos os foros de debate. Vamos dialogar com a sociedade para encaminhar ao Congresso Nacional uma proposta exequível e justa para os brasileiros; uma proposta que aprimore as regras de aposentadoria por idade e por tempo de contribuição, para que se ajustem, gradualmente, à expectativa de vida da população”, disse a presidente.
A fala da presidente dá margem a várias interpretações, como a de que a proposta do governo poderá abranger a equiparação de idade entre homens e mulheres para aposentadoria ou mesmo aumentar a idade para obtenção do benefício.
A proposta, se trouxer retrocessos como aumento da idade para a aposentadoria ou equiparação entre homens e mulheres do tempo de vida mínimo exigido para obter o benefício, será duramente combatida pela CUT.
“Propor algo assim é não se preocupar com as características do trabalhador brasileiro, que ingressa cedo na vida profissional, aos 14, 15 anos de idade. Se estabelecer a aposentadoria apenas por idade, vai fazer com que essas pessoas, justamente as mais pobres e que convivem com as piores condições de trabalho, precisem estar nas empresas durante 50 anos para obter esse direito. Não concordamos com essa reforma em hipótese alguma”, disse o presidente da Central, Vagner Freitas.
Para o coordenador da Secretaria de Imprensa do Sinpro-DF, Cláudio Antunes, não é possível defender mudanças que penalizem mais ainda o trabalhador.
De acordo com Cláudio, “o governo deve, sim, enfrentar outros debates, como a taxação das grandes fortunas, a criação de outra faixa de imposto de renda para ricos, por exemplo. O ajuste fiscal não pode comprometer direitos de subsistência do trabalhador, como a aposentadoria”, enfatizou.
Segundo Dilma, a proposta só será encaminhada ao Congresso após um amplo debate com a sociedade.
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