GDF bate cabeça com a "circular da censura"

A circular da censura, Circular nº 11 da secretaria da Educação – que impede servidores de divulgarem “informações, áudios, imagens das unidades educacionais, de documentos e alunos” sem autorização prévia – continua repercutindo negativamente na comunidade escolar e na sociedade.
Se por um lado o governador Rollemberg afirmou ontem (29) que a circular é “um equívoco”, portanto presume-se sua revogação, por outro lado, o secretário de Educação Júlio Gregório insiste em remediar o irremediável. “[A circular] será alterada nos artigos ou nos parágrafos que deram margem a esse tipo de interpretação, mas a diretriz no sentido de proteger os alunos e professores será mantida”, afirmou o secretário em entrevista a uma emissora de televisão. Gregório, porém, não informou prazo para que as tais alterações sejam feitas.
Apesar do aparente recuo, a situação não está muito clara. O que isso significa exatamente? O que vai prevalecer? A transparência tão apregoada pelo governador desde o início do mandato ou a postura autoritária do secretário?
Para a diretoria do Sinpro a circular é tão ruim que não há o que ser melhorado ou alterado. “Ela simplesmente tem que ser revogada. As escolas não precisam deste tipo de instrumento para se organizarem. Precisam, sim, de segurança, de investimentos; enfim, da presença do Estado e não de um ‘chá de cala a boca’ para a comunidade escolar”. E acrescenta: “por trás das palavras do secretário Gregório, quando diz que vai manter a diretriz da circular para proteger alunos e professores, muita coisa pode se encaixar aí. E isso é um grave problema”.
O Sinpro destaca ainda que a circular repercutiu mal em todos os veículos de comunicação, que se sentiram desrespeitados no acesso à informação, não podendo mais fazer coberturas jornalísticas sem prévia autorização, o que caracteriza censura.
“Nunca se tentou impedir que professores trabalhassem, que a imprensa fizesse seu trabalho. Do jeito que está, nem as coisas positivas podem ser divulgadas”, disse o diretor de imprensa do Sinpro, Cláudio Antunes. O diretor lembra que os servidores que se sentirem intimidados podem procurar o sindicato para receber orientação. “Além disso, a ausência de punição específica na circular gerou um clima de apreensão na comunidade escolar. Se eles dizem qual é a sanção, a gente vai na canela e desconstrói. Como não diz, parece mais um assédio moral”, afirmou a um grande portal de comunicação.
Ao reiterar que não aceitará mais nenhum tipo de ingerência como essa, o Sinpro enfatizou que “os movimentos sociais e lideranças comunitárias da cidade entraram em contato com o Sindicato, ao longo da semana, justamente por entender que é inadmissível que a comunidade seja cerceada de participação”.
O Sinpro está atento e esperando uma definição do governador Rollemberg se a comunidade escolar será ou não censurada. Caso necessário, o Sindicato se reunirá com as lideranças comunitárias para definir um calendário de atividades e ações.
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