Falta de escolas continua penalizando estudantes do Paranoá


Lugar de assistir a aulas é em uma sala de aula. Pelo menos é que deveria ser. Porém, nessa quarta-feira (11/4), estudantes do Centro de Ensino Fundamental 5 (CEF 5) do Paranoá tiveram que assistir à aula no refeitório da unidade porque o teto de uma das salas estava com tantas goteiras que nem usando guarda-chuvas era possível prestar atenção em alguma coisa. Resultado: o espaço foi interditado, e o refeitório, transformado em sala de aula temporariamente. Fotos distribuídas em um grupo de WhatsApp mostram o forro da sala de aula totalmente quebrado. Segundo os estudantes, a situação é a mesma desde o início do ano, e foi agravada pelas chuvas recentes.
Em nota, a Secretaria de Educação (SEE) informou que o prédio está alugado há cerca de três anos e, durante esse período, o proprietário não realizou reparos estruturais necessários para solucionar problemas de infraestrutura. A SEE só não disse que não paga o aluguel do imóvel há um bom tempo, o que impede o proprietário de fazer qualquer reparo no local.
Superlotação – No final de março passado, integrantes do Grêmio Estudantil “Não me Kahlo”, do Centro de Ensino Médio 1 do Paranoá (CEM 1), além de estudantes, professores, diretores do Sinpro e a comunidade escolar participaram de uma manifestação, na regional de ensino, contra a superlotação das turmas do ensino médio e pela construção de novas escolas na região administrativa. O CEM 1 é a única escola do Paranoá que atende ensino médio nos três turnos, fator que se torna insuficiente para o número de estudantes. Devido à superlotação das escolas do Paranoá, vários estudantes estão sendo transferidos para escolas no Plano Piloto.
Do Paranoá para o Cruzeiro – Após o lamentável episódio – em novembro de 2017 – em que um garoto de oito anos passou mal em uma escola do Cruzeiro, porque estava com fome, o GDF repete o erro e continua a transferir várias crianças do Paranoá para estudarem no Cruzeiro, a 40 km de casa.
Indo totalmente na contramão do bom senso, ao invés de construir novas escolas, a SEE enviou ainda mais crianças do crianças do Paranoá, do Itapoã e do Condomínio Paranoá Parque para a Escola Classe 6 ou para a Escola Classe 8 do Cruzeiro, no início do ano letivo. Com a data de entrega de uma nova escola pública cada vez mais distante, pelo menos até meados do ano, cerca de 250 estudantes de baixa renda continuarão percorrendo 40 km diariamente, na ida e na volta, para assistir às aulas. Em razão da distância, mesmo com o transporte escolar do governo, famílias afirmam que as crianças precisam almoçar muito cedo. Às vezes, o tempo gasto no trajeto ultrapassa uma hora.
O Sinpro tem lutado junto ao GDF pela construção de novas escolas públicas, pela contratação de professores(as) e orientadores(as) educacionais e pela reforma necessária em várias escolas, pontos necessários para o oferecimento de uma educação pública de qualidade.
A diretora de Formação Sindical do Sinpro, Luciana Custódio, explica que é prática no Paranoá, como em demais regionais de ensino, o GDF construir “puxadinhos” ou alugar imóveis – muitas vezes impróprios -, que não resolvem de maneira nenhuma a questão da carência de vagas, quando deveria construir novas escolas. “A situação vivida no Paranoá é de precariedade. Uma realidade dramática, que atinge estudantes do ensino infantil até o ensino médio”, enfatiza.