Ex-capitão é ameaça para o Brasil e América Latina, afirma 'The Economist'

Matéria de capa da revista britânica The Economist, considerada legítima representante do liberalismo econômico, afirma que uma eventual eleição de Bolsonaro no Brasil “poderia colocar em risco a própria sobrevivência da democracia no maior país da América Latina”. Mais do que isso, a publicação, lançada nessa quinta-feira (20), afirma que o candidato “é uma ameaça para o Brasil”.
No artigo, intitulado “Jair Bolsonaro, a mais recente ameaça da América Latina”, a publicação semanal The Economist, lida no mundo todo, pondera que as eleições nacionais de outubro “dão ao Brasil a chance de começar de novo”. Porém, destaca também a “autoflagelação e corrupção da elite” que tomam conta do país.
A publicação se refere ao candidato do PSL como um político que tem longa história de ser “grosseiramente agressivo” e ilustra a afirmação lembrando situações como o deputado ter dito “que não iria violentar uma congressista (a deputada Maria do Rosário, do PT gaúcho) porque ela era ‘feia’”.
Outros exemplos citados são as declarações do candidato de extrema-direita (que o semanário prefere caracterizar como de direita) de que preferiria um filho morto a um que fosse gay e ter sugerido que quilombolas “são gordos e preguiçosos”.
The Economist lembra, ainda, que Bolsonaro “dedicou seu voto para destituir Dilma Rousseff [da Presidência da República] ao comandante [coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra] de uma unidade responsável por 500 casos de tortura e 40 assassinatos sob o regime militar, que governou o Brasil de 1964 a 1985”.
A revista também faz um trocadilho sobre a célebre sentença brasileira sobre corrupção (“rouba, mas faz”), para dizer que, no caso do candidato que lidera as pesquisas eleitorais, a frase poderia ser “eles torturaram, mas agiram”.
“Bolsonaro pode não ser capaz de converter seu populismo em ditadura ao estilo de Pinochet, mesmo que quisesse. Mas a democracia do Brasil ainda é jovem. Até mesmo um flerte com o autoritarismo é preocupante. Todos os presidentes brasileiros precisam de uma coalizão no Congresso. O senhor Bolsonaro tem poucos amigos políticos. Para governar, ele poderia ser levado a degradar ainda mais a política, potencialmente pavimentando o caminho para algo ainda pior”, finaliza a revista britânica.