Evolução e perspectivas para o trabalho

De acordo com estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) o crescimento do mercado interno e o desempenho do setor exportador foram os pilares da expansão econômica registrada pelo Brasil na última década. A pesquisa realizada a pedido das centrais sindicais e divulgada no último sábado, dia 10 de abril, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, avaliou a evolução recente e os desafios do mercado de trabalho brasileiro.
O balanço constatou que as conquistas obtidas pelas negociações dos pisos salariais promovidas pelos sindicatos e a política de valorização do salário mínimo – que apresentou aumento real de 53, 67% entre 2002 e 2010 – contribuíram de forma essencial para esse desenvolvimento. A geração de 12 milhões de empregos desde 2003 determinou o crescimento da ocupação e significativo aumento da massa salarial.
Apesar desses avanços e da conseqüente elevação do número de pessoas com carteira assinada, o estudo constata que a rotatividade permanece como um dos principais problemas brasileiros. Apesar do número de admissões apresentar crescimento desde 2003, a quantidade de demitidos também aumentou. Em 2009, o saldo de empregos ficou positivo em quase um milhão, porém, enquanto 16.187.640 foram contratados, outros 15.192.530 foram demitidos.
Para o presidente da CUT, Artur Henrique, mesmo com o Brasil batendo recordes sucessivos de geração de emprego e ainda que a previsão para o próximo ano seja do País criar mais de dois milhões de vagas com carteira assinada, muitos trabalhadores ainda são demitidos para a contratação de outros que realizam as mesmas funções, porém, recebem salários inferiores. “Precisamos de uma legislação que proteja os trabalhadores isso inclui a ratificação da convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que não fala de estabilidade de emprego, mas sim define a necessidade dos empresários chamarem os sindicatos para dizer porque estão demitindo. Atualmente há uma enorme facilidade em contratar e demitir.”
Qualificação, intermediação e diálogo
O levantamento do Dieese demonstra também que enquanto a produtividade cresceu desde o início dos anos 1990, a remuneração real média permaneceu estável, revelando um largo espaço para o aumento dos salários. Diante desse desafio, Artur defende a necessidade de uma política pública de qualificação profissional e intermediação da mão-de-obra com respeito às características regionais brasileiras para repartir os ganhos com a classe trabalhadora. “Primeiro, é preciso que os trabalhadores, os empresários e o governo discutam um sistema tripartite que ofereça qualificação profissional de longa duração capaz de atender as necessidades e respeitando as vocações das regiões onde as pessoas moram. Paralelo a isso, precisamos definir um sistema público de emprego como mecanismo de intermediação de mão-de-obra.
Segundo o dirigente, a inclusão social exige ainda uma mudança no atual formato de organização sindical e um diálogo permanente com a sociedade. “É fundamental promovermos a reforma sindical que não conseguimos nos últimos oito anos para que tenhamos sindicatos mais representativos e mais preparados para a negociação, com mais organização no local de trabalho e menos práticas anti-sindicais. Também queremos que o próximo governo mantenha uma agenda permanente de discussão com os movimentos sociais e promova encontros permanentes para discutir uma pauta como acontece no caso dos empresários.”
Com informações do site da CUT