Eventos recentes e a metáfora com o Brasil

*Por Rodrigo Rodrigues
Nessa segunda-feira (22), a chama do Panteão da Pátria na Praça dos Três Poderes voltou a ser acesa. A estrutura, criada em 1986 para simbolizar a “chama eterna da democracia”, estava apagada desde agosto de 2016 devido a um vazamento de gás. Nessa mesma data, Michel Temer se apossou da presidência da República, através de um golpe parlamentar-jurídico-midiático, e deu início no Brasil ao desmonte do sistema de governo em que o povo exerce a soberania.
Seria então o reacendimento da pira uma metáfora para os dias sombrios que vivemos? Ainda é cedo para saber. Às vésperas do segundo turno das eleições, onde democracia e autoritarismo estão representados respectivamente pelos candidatos Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), a chama que voltou a ser acesa pode significar no imaginário social a resistência de centenas de milhares de brasileiros que lutam contra a ascensão de um governo que defende a tortura, o fim do ativismo, o extermínio de todos os direitos.
Por mais que as pesquisas de intenção de voto indiquem vantagem para aquele que sempre soprou para que a “chama eterna da democracia” se apagasse, o suor e o sangue de negros, índios, proletariados, mulheres, LGBTIs, pessoas com deficiência são como gasolina diante de tal chama. Por mais obscenos que sejam os processos para colocar esse combustível na reserva, com presença de fraude eleitoral e manipulação maquiavélica em parceria com multinacionais, a “chama da democracia” persiste em ficar acesa, independente de qualquer vendaval.
Nós da CUT Brasília sempre lutamos e continuaremos lutando incessantemente para que a “chama eterna da democracia” nunca se apague; para que ela se expanda e consiga tirar do obscurantismo aqueles que encontram no opressor a saída para a opressão; para que a corrupção, a concentração de renda, a exploração da classe trabalhadora possam ser desacobertadas e banidas. Esperamos e acreditamos de fato que a chama do Panteão da Pátria na Praça dos Três Poderes indique, ainda que metaforicamente, dias melhores. Persistiremos na resistência, mantendo acesa a chama eterna da democracia que há em cada um de nós.
*Rodrigo Rodrigues é professor da rede pública de ensino do DF e secretário-geral da CUT Brasília