Estudantes de escolas públicas do DF continuam fazendo bonito no Enem

Os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016 mostram que os estudantes das escolas públicas do Distrito Federal continuam fazendo bonito. Em meio às tentativas de impor uma agenda de retrocessos na educação, exemplo da Escola sem Partido e da Reforma do Ensino Médio, estudantes do ensino público do DF garantiram vagas em cursos de grande concorrência em uma das universidades mais concorridas do país. Um destes exemplos é o de Gabriela Ribeiro, do Centro de Ensino Médio 10 de Ceilândia. Ela foi uma das 77 candidatas do Brasil a atingirem a nota máxima no ENEM. Com o resultado obtido no Exame, Gabriela vai cursar medicina na Universidade de Brasília (UnB).
Aluna de escola pública desde o início, Gabriela conseguiu a nota máxima de mil pontos na prova de redação, feito alcançado por apenas 76 candidatos entre os mais de 6 milhões inscritos no Enem. “Não há nenhum mistério. Você precisa se informar um pouco sobre tudo para não ser pega de surpresa”, comenta Gabriela, que sempre se achou uma aluna mediana.
Além de Gabriela, outro aluno a fazer bonito no Enem foi Danilo Ricardo Rodrigues de Souza. O ex-aluno do Centro de Ensino Médio 4 de Ceilândia também foi aprovado em medicina no Programa de Avaliação Seriada (PAS) da UnB, graças às notas obtidas no Enem. Matriculado na rede pública de ensino do DF do 6º ao 3º ano do ensino médio, Danilo conta que sempre sonhou em ser médico e teve o apoio dos pais nos momentos mais difíceis. “Ainda pequeno, meus pais viam o meu sonho e nunca desacreditaram. Sempre me incentivaram e me ajudaram muito no que eu precisei. Às vezes até quando eu não acreditava em mim, eles acreditavam. Isso foi muito importante para todo esse processo”, conta Danilo.
Danilo ainda enfatiza a importância da escola pública em seu desempenho. “A escola pública é vista com maus olhos. Na minha escola, por exemplo, existiam muitos projetos que eram desenvolvidos e ajudavam, como a Semana de Arte Moderna e a Feira das Profissões. Além disso, havia o comprometimento dos professores em nos estimular quanto à aprovação, inserir a questão no dia a dia”.
Para Ivan Rodrigues, professor da rede pública do Distrito Federal, a democratização do acesso ao ensino superior se concretiza quando estudantes de escolas públicas, principalmente da periferia, ocupam vagas em cursos concorridos de universidades publicas. “Antes era um sonho cursar Medicina na Universidade de Brasília. Hoje, alunos de Ceilândia conseguem realizar este sonho para orgulho de quem sabe o quanto é difícil estudar em condições tão adversas. Esses estudantes alimentam, em nós professores, o desejo de continuar a construção de uma educação de qualidade e em outros alunos o desejo de vencer na vida com dignidade, ética e cidadania”, comemora Ivan.
Segundo o levantamento, 98% dos alunos da rede pública de todo o Brasil alcançaram até 560 pontos – a média foi de 479,4. Já entre as instituições particulares, 52% dos alunos atingiram até 560 pontos, e a média foi um pouco maior, de 558,1 pontos.
De acordo com o diretor do Sinpro Júlio Barros, este resultado é reflexo, também, da qualidade do professorado do Distrito Federal, um dos mais qualificados do país. “Temos 80% de especialistas em educação, 1.500 mestres e centenas de doutores. É sempre importante destacar as metas do PDE, que tratam da formação continuada do professor. Ainda queremos ter um terço da categoria com mestrado e 3% com doutorado”, finaliza Júlio.