Educação é o maior entrave para a produtividade nacional

Quando o assunto é produtividade, a palavra mais repetida é só uma: educação. Parece unanimidade entre os empresários do setor industrial e economistas que, embora tenhamos grandes problemas de infraestrutura, tecnologia e insegurança jurídica, a falta de preparo da mão-de-obra brasileira é o grande entrave que impede que nosso nível de produtividade alcance os padrões internacionais.
Em debate realizado no EXAME Fórum, que ocorreu na segunda-feira (30) na capital paulista, Besaliel Soares Botelho (presidente da Robert Bosch América Latina), Cledorvino Belini (presidente da Fiat), Pedro Passos (Membro do Conselho de Administração e Cofundador da Natura) e Gustavo Franco (ex-presidente do Banco Central e sócio-fundador da Rio Bravo Investimentos) discutiram sobre as razões que impedem as empresas brasileiras de melhorar sua produtividade.
Contrariando a tese do professor Dani Rodrik, do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, que afirmou que nem infraestrutura, nem educação ou mesmo a gestão macroeconômica das últimas décadas são os maiores entraves que o Brasil enfrenta para vencer a corrida por uma maior produtividade, os quatro brasileiros bateram na mesma tecla: sem educação não dá.
O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, usou como exemplo a comparação entre a produtividade de um empregado de uma empresa brasileira e o de uma empresa com pelo menos 10% de capital estrangeiro.
Segundo ele, o funcionário de uma empresa multinacional é 25% mais produtivo. “Isso acontece porque ele traz pra dentro da empresa as melhores práticas de gestão do mundo, sobretudo no setor de serviços”, afirmou.
Besaliel Soares Botelho, presidente da Bosch, apresentou um número ainda mais impressionante: “nós gastamos quase R$6 bilhões por não-qualidade do setor”. Isto é, foram R$ 6 bilhões desperdiçados no processo produtivo na tentativa de evitar quedas de qualidade. Segundo ele, esse montante está relacionado à educação, treinamento e à capacidade tecnológica da indústria como um todo.
“Nós como empresa multinacional estamos tentando trazer boas práticas para melhorar a produtividade. Nós entendemos que os temas de produtividade estão dentro dos nossos portões, mas eles passam também pelo que o nosso maior sócio, o governo, pode nos ajudar”, afirmou Botelho.