Dia do Professor: parabéns aos que compartilham o conhecimento e são movidos a desafios

O professor brasileiro tem pouco a comemorar no seu dia, celebrado neste 15 de outubro em mais de cem nações. Apesar da nobreza da profissão, são os muitos os desafios que a categoria precisa enfrentar diuturnamente para sobreviver, como a falta de valorização e mesmo a falta de respeito.
 
Pesquisa realizada pela Fundação Varkey Gomes, sediada nos Emirados Árabes, e divulgada recentemente, revela que o país é um dos que menos respeita os seus professores. No estudo, a entidade internacional analisou a forma como o docente é valorizado em 21 países, escolhidos segundo critérios de representação regional e de desempenho no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) e apontou que, no chamado ranking de status do professor, o Brasil está em penúltimo lugar – à frente apenas de Israel.
 
Na mesma pesquisa, a questão salarial mostra que o salário médio do docente brasileiro só é maior do que no Egito e na China. Nos países que mais respeitam o professor, os pais encorajam os filhos a seguir essa carreira, enquanto brasileiros, israelenses e portugueses figuram entre os que menos incentivam a docência em casa.
 
Como consequência, cada vez mais os jovens, ou não escolhem a docência como profissão ou, quando o fazem, desistem da carreira devido à baixa remuneração e à forma como ela é praticada. Muitos deles, à beira da sala de aula, são absorvidos pelo mercado, com ofertas salariais e de condições de trabalho melhores. Estudo nacional realizado pela Fundação Carlos Chagas em 2009, revela que a percepção dos alunos é a de que o professor é um profissional relevante, que serve de modelo ou exemplo a ser seguido, atua como formador de opinião de possui valor social, mas é um profissional desvalorizado e desrespeitado por alunos, sociedade e governos.
 
O governo federal, ciente do problema, está tomando medidas para reverter esse quadro. Em setembro, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei que destina 75% dos royalties do petróleo para a educação e 25% para a saúde.
 
O mesmo não se pode dizer do governo do Estado. Segundo dados da Apeoesp, obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, São Paulo, que possui uma rede de 232 mil professores, registrou uma média de três mil desistências por ano entre 2008 e 2012, o que significa que, a cada dia, oito professores concursados desistem de dar aula nas escolas estaduais paulistas. Salários baixos, pouca perspectiva e más condições de trabalho estão entre os motivos para o abandono da carreira.
 
Ainda segundo a entidade, a rede municipal paulistana também apresenta registro de fuga, porém em menor escala. Contudo, enquanto a capital conseguiu, ao longo desses quatro anos, ampliar em 12% o número de efetivos, a rede estadual tem 10 mil concursados a menos do que em 2008.
 
Por isso tudo, a CUT-SP defende um ensino público de qualidade, com a devida valorização dos profissionais da Educação. Só assim teremos uma sociedade mais fraterna e menos violenta. Como dizia um grande lutador pelos direitos dos professores, o companheiro e professor Carlos Ramiro de Castro, o Carlão (falecido em setembro deste ano), “a escola precisa se transformar num centro social e abrir-se à comunidade para diminuir a violência”. Parabéns, professores e professoras; quem compartilha conhecimento merece cumprimentos todos os dias.
 

Escrito por: Adi dos Santos Lima, presidente da CUT-SP