Descaso da Secretaria de Educação com o EJA

É lamentável o descaso com que a Secretaria de Educação do Distrito Federal vem tratando a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Nos últimos anos nos impuseram um programa de correção de fluxo cujo objetivo foi certificar os alunos e não qualificá-los para o mercado de trabalho, passar em um concurso público ou prosseguir seus estudos em uma universidade. Reduziram muito o tempo de estudo. Passar… passar… era a Ordem e Progresso de gestores não comprometidos com a educação.
Eu me pergunto qual é o papel da escola. Emitir certificados? A educação desses programas não promove as pessoas, ao contrário faz com que elas fiquem estagnadas e conformadas, pois sabem das suas deficiências.
Durante anos, professores do EJA lutaram para que nossos alunos tivessem o direito ao livro didático, como os alunos do diurno, pois bem, este ano eles chegaram! E qual foi a nossa surpresa? Apresentaram erros grosseiros de grafia, conteúdo e até de impressão. Muitos não puderam ser utilizados. Novamente eu pergunto: Onde está a qualidade?
O mais absurdo é o fechamento de várias escolas no período noturno, sob alegação de que a quantidade de alunos é insuficiente para encher uma sala de aula, e que o gasto com o pessoal, com a energia elétrica e água é muito grande. Depois de tantos escândalos políticos no DF eu me pergunto: Qual é o sentido dessa economia? Será que é para encher as bolsas, meias e cuecas daqueles que deveriam zelar pela educação? Será que o estudante que trabalha, paga impostos e é eleitor, não merece uma educação cidadã?
Sabemos que os alunos que estudam à noite já chegam à escola cansados de longas jornadas de trabalho. Muitos são trabalhadores braçais e sonham em mudar a vida. Então por que desestimulá-los transferindo para escolas distantes, onde terão que passar muitas vezes por caminhos perigosos.
Como professora da EJA do CEF 04 do Guará, que não funcionará em 2011, apesar de sua ótima localização e excelente estrutura, pois tem uma grande biblioteca, quadra iluminada, uma boa rede de computadores, ouço de muitos dos meus alunos que vão parar de estudar se a escola fechar. A quem cabe a responsabilidade desses sonhos interrompidos? De mais essa evasão escolar? Não será de certos gestores burocráticos que por considerá-las sem técnicos, esquece o lado humano da Educação. Nossa escola recebe estudantes de Vicente Pires, Lúcio Costa e Setor de Chácaras do Guará onde não existem escolas que funcionem à tarde. Até quando vai continuar esse círculo vicioso em que os alunos não estudam por que não tem escola perto e escolas fechando porque não tem alunos? Não deveria a Secretaria de Educação elaborar políticas públicas para atrair esses estudantes trabalhadores e não desestimulá-los? Faltam gestores educacionais comprometidos com a sociedade.
Espero que essa nova gestão se sensibilize com essa situação, que trate com mais respeito essas pessoas que não tiveram oportunidade, mas que lutam e sonham com uma vida melhor.

Por: Jane Alves Barreto
Professora do EJA