CUT e movimentos sociais integram lutas por mais vez e voz aos trabalhadores

Momento privilegiado da 14ª Plenária Estatutária da CUT, o período da manhã deste sábado (31) foi reservado a um amplo debate de integração de lutas com os movimentos sociais. As falas convergiram para a necessidade da construção de um país mais justo, especialmente nesse momento de duro enfrentamento – no qual o neoliberalismo se reinventa – com o aprofundamento da intervenção da classe trabalhadora nas políticas e na disputa pela direção da sociedade.
Justamente por isso, entre as importantes campanhas conjuntas estão a democratização dos meios de comunicação e a reforma política, bandeiras fundamentais para atacar o poder econômico das elites na sociedade brasileira, que manipula informações e desequilibra completamente a representação social e política em prejuízo dos trabalhadores.
Para o secretário de Política Social da Central e coordenador dos trabalhos, Ismael José César, a atividade foi extremamente positiva, no sentido de levantar a necessidade de os sindicatos incorporarem o plebiscito pela reforma política, que será o centro do debate para o próximo período. “Precisamos, de fato, fazer a reforma política. Para isso é necessário uma constituinte exclusiva, que só virá com a mobilização de cada sindicalista, em cada sindicato, que permita que o Congresso Nacional tenha uma representação da classe trabalhadora, dos camponeses, e que as minorias estejam no Congresso”, disse.
Neste aspecto, o representante da PT Nacional, Bruno Elias, lembrou que a reforma do sistema político é a “chave para avançarmos na reforma agrária, na reforma urbana, enfim, para avançar na pauta da classe trabalhadora”.
A representação do MST frisou a necessidade de aprimorar os trabalhos de base e acertar na análise para fazermos o contraponto. “Temos que ter clareza da conjuntura atual, acertar na análise para acertar nas ações com os trabalhadores da base. A luta de classes tem que ser colocada em pauta, com os movimentos sociais, os sindicatos e os partidos de esquerda”.
Ismael reafirmou que a segunda grande demanda é a questão da democratização da mídia. Para o secretário, “há um monopólio muito grande, uma concentração absurda na mão de meia dúzia de famílias; a programação televisiva não reflete de fato o povo, não representa o povo, portanto, é necessário democratizar essa mídia. Foi extremamente importante esse debate porque isso incorpora o movimento sindical, os trabalhadores, nessa luta; e não apenas o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). É uma questão que diz respeito a todos”.
Resoluções da Plenária 
A plenária dos movimentos sociais aprovou resolução manifestando apoio da CUT ao Plebiscito da Constituinte, colhendo votos nos sindicatos e locais de trabalho na semana de 1º a 7 de setembro de 2014, defendendo o voto “sim” e articulando a formação de comitês de base em todos os espaços de atuação da CUT Brasília.
Outra resolução diz respeito ao apoio à luta pela memória, verdade e justiça para que se complete a transição da ditadura civil-militar ao regime democrático e se aprofunde a democratização no Brasil. Os delegados e delegadas exigem que a Comissão Nacional da Verdade investigue e relate todos os casos graves de violações dos direitos humanos durante a ditadura. Conclamam todos os sindicatos e movimentos sociais a promoverem em suas respectivas bases campanhas de esclarecimento sobre a importância da luta pela memória, verdade e justiça, a começar pelos crimes cometidos durante o período militar em suas respectivas bases e categorias; e provocarem o Ministério Público Federal (MPF) a processar criminalmente os torturadores e comandantes militares responsáveis pelos crimes de lesa-humanidade.
Houve ainda encaminhamento no sentido de rebatizar a Ponte Costa e Silva (nome de ex-presidente militar), que liga o Plano Piloto ao Lago Sul, com o nome de “Ponte Honestino Guimarães” (estudante e militante da resistência perseguido e morto pela ditadura), em data a ser definida.
Mais uma resolução reafirmou o envolvimento do movimento sindical e social na campanha pela democratização dos meios de comunicação, com apoio à campanha pela aprovação da Lei de Mídia Democrática, objetivando o combate ao avanço da direita colada à mídia golpista, que banaliza e criminaliza os movimentos sociais e deturpa informações sobre as lutas populares desenvolvidas em países da América Latina e do restante do mundo.
Os delegados aprovaram também proposta para que a Central reavive os coletivos internos, como o de negros e negras trabalhadoras, LGBT, entre outros.
As iniciativas foram saudadas pelos governos da Venezuela, Nicarágua, Cuba, Rússia e Coreia do Norte, que enviaram representantes para participar do debate.
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