CUT e entidades lançam manifesto por redução da jornada

Bandeira histórica da Central, que remonta à década de 90, a CUT, sindicatos filiados, demais centrais e entidades da sociedade civil, como o Dieese e Anamatra, reafirmam nesta quarta (4) a luta pela redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais.
A atividade, chamada de Movimento Pró 40 Horas, pretende unir esforços para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 231/1995. No evento, que ocorre a partir das 14h, no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, também será lançado um manifesto a favor da diminuição da jornada, sem redução salarial, com aumento do adicional de horas extras de 50% para 75%.
O presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto, enfatiza que redução da carga de trabalho é uma antiga reivindicação do movimento sindical e dos trabalhadores brasileiros e “que o Brasil está atrasado com esta discussão”. Para Britto, existem outros fatores com a redução da jornada que terão efeitos positivos sobre a vida dos trabalhadores e seus familiares, como saúde, qualificação profissional, lazer, formação cultural, etc.
“Hoje, a partir dos avanços tecnológicos, com a mesma força de trabalho é possível produzir muito mais do que se produzia anos atrás. Não se justifica, então, uma jornada tão extensa. Além disso, esse ganho de produtividade acaba sendo apropriado pelos patrões, em detrimento dos trabalhadores e da sociedade como um todo”, disse.
A CUT entende que já passou da hora do Legislativo aprovar a redução da jornada. Isso só não ocorreu ainda por causa da composição do Congresso, onde os representantes do empresariado estão em grande maioria e emperram avanços para a melhoria das condições de trabalho. Por isso, conclama os dirigentes e militantes CUTistas a participarem em peso desta e de outras manifestações, pois a forma de conquistar a redução da jornada será a pressão forte e organizada da classe trabalhadora.
Vantagens da menor jornada
De acordo com levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a jornada de trabalho de 44 horas semanais no Brasil é uma das mais extensas do mundo, situação agravada pela prestação de horas extras habituais e pela utilização do banco de horas.
Segundo o Dieese, com a redução da jornada para 40 horas seriam criados 3.293.472 novos postos de trabalho. No comércio varejista seriam 624.884, no setor de transportes terrestres, 143.997 e na fabricação de produtos alimentícios seriam 138.795. Isso beneficiaria trabalhadores em atividade e desempregados. Os da ativa porque disporiam de mais tempo para aprimoramento profissional e vida pessoal. Os desempregados, por conseguirem uma colocação no mercado de trabalho.
Outro dado que chama a atenção é que a redução da jornada representaria um impacto de apenas 1,99% nos custos totais das empresas. Para além, haveria redução da exposição do trabalhador aos fatores de risco que fazem com que o Brasil figure entre os países com as piores estatísticas nesse tema, segundo levantamento do Ministério Público do Trabalho (MPT).