Com um mês de aula, escolas do DF apontam falta de professores

Um levantamento feito pelo Sindicato dos Professores aponta que, passadas cinco semanas do início do ano letivo na rede pública do Distrito Federal, ainda faltam aproximadamente 1,5 mil profissionais efetivos nas escolas. A situação tem feito com que coordenadores assumam as turmas ou que as instituições liberem os alunos mais cedo. A Secretaria de Educação nega o déficit, dizendo que as 4,7 mil carências já foram preenchidas e que o problema está relacionado à resistência dos temporários em assumir cargos de pouca duração.
“Só em 2014, se somadas, há 90 mil dias de licença médica. Como são licenças pequenas, de um, dois dias, os temporários não querem assumir. Isso cria uma dificuldade para o sistema em ter uma normalidade absoluta”, afirma o subsecretário de Gestão dos Profissionais da Educação, José Eudes Oliveira da Costa. “Tentamos de todas as formas suprir as carências, mas as lacunas pequenas, de poucos dias, são o nosso grande problema. Estamos aperfeiçoando o nosso sistema para que a substituição dos professores de licença seja imediata.”
Diretora da Escola Classe 6 de Ceilândia, Fátima Bezerra disse que em janeiro apresentou o problema à pasta e que, sem resposta, passou a assumir parte das aulas para minimizar o prejuízo.

Centro de Ensino Fundamental 2 do Cruzeiro Novo, no Distrito Federal, onde aluno levou uma facada na manhã desta sexta-feira (5) (Foto: G1)

“Nossos coordenadores estão em sala, eu me revezo com a vice-diretora e damos aula também. O secretário diz que está tudo bem, mas é uma pena estar assim, a corda sempre arrebenta para o lado mais frágil”, declarou. “Fico três horas em sala, fazendo meu trabalho pela metade e ensinando pela metade. Acaba que não fazemos uma coisa nem outra.”
O problema se repete no Centro de Ensino Médio 2 do Gama. Lá, de acordo com o diretor, Lindomar Ramos de Brito, a carência é de 15 professores. Sem temporários para substituir os professores que estão de licença médica, ele libera os alunos mais cedo todos os dias.
“A gente tem algumas carências de professores definitivos, mas o que está realmente nos fazendo falta é o efetivo de professores temporários para substituir professores de atestado, de licença”, disse. “Ao todo, a carência é de 15 professores que tentamos equacionar. Se levar em conta que temos coordenadores pedagógicos em sala de aula, com menos contratações poderíamos diminuir o problema.”
O subsecretário afirmou ao G1 que os coordenadores só poderiam assumir o cargo após o preenchimento de todas as vagas de professores. “Essa é a orientação do GDF. Até lá, os coordenadores devem ser vistos como professores. Eles têm que estar em sala de aula”, declarou.
A dificuldade em preencher as vagas também acontece no Centro de Ensino Especial 01 de Taguatinga. Segundo a direção da escola, três professores estão afastados das atividades e não há substitutos no banco de professores. Na Escola Classe 8 do Cruzeiro, a carência é de oito professores. Desses, faltam dois professores efetivos para o 4º ano. Todos os outros estão de licença médica.
Mesmo conhecendo a resistência da categoria, a Secretaria de Educação anunciou que pretende resolver o problema com a contratação de 600 temporários, liberada pela Secretaria de Administração. O titular da pasta, Marcelo Aguiar, disse em entrevista ao DFTV 1 acreditar que, com isso, a situação vai se normalizar a partir deste mês.

“Isso acontece todos os anos. Isso é histórico na Secretaria de Educação. No início do ano sempre há um problema de ajuste”, declarou. “A partir de março, agora, está tudo normalizado.”
Na última quarta-feira (12), a direção da Escola Parque 303/304 Norte suspendeu as aulas em protesto pela falta de profissionais desde o início do ano letivo. Documentos apresentados pela direção apontam que o déficit de professores chega a sete, e o de monitores, oito. Com a medida, 745 alunos ficaram sem atividades.
(Do G1)