Com a reforma da Previdência ninguém vai querer ser professor

Publicado em Sexta, 24 Março 2017 09:16

A explanação contou também com outras mulheres representativas de entidades como a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais (Contag), Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip), o Instituto dos Advogados Previdenciários (Iape), entre outras, além de professoras.
Isis concentrou sua exposição na quase totalidade de profissionais do sexo feminino na educação básica do país e como essa parcela do magistério será duramente afetada caso a reforma seja aprovada. Isso também por causa da aposentadoria especial, que poderá ser extinta, o que vai contra o dado de que 74% dos trabalhadores em educação, segundo a professora, têm afastamento do serviço por motivos de saúde.
“O Brasil está entrando em um retrocesso civilizatório. Precisamos de muita resistência para construir uma grande unidade. Vamos debater cada vez mais com os pais dos alunos porque essa reforma não atinge só a professora, atinge o futuro do seu filho, da sua filha, daquela pessoa que vai te ajudar na velhice. É uma onda de precarização muito grande. Um crime contra a humanidade”, resumiu Isis Tavares.
Outro problema para os trabalhadores em educação apontado pela secretária da CNTE é que é uma carreira que precisa de nível superior. Então, o professor já entra no mercado de trabalho a partir de, pelo menos, 20 anos de idade, o que para contabilizar como tempo de contribuição leva ainda mais tempo. “A carreira já não é atrativa. Com a aprovação dessa reforma, ninguém mais vai querer ser professor”, afirma.
Para ela, essa reforma é um crime contra a juventude brasileira. “O governo tem um déficit de investimento que nem gera empregos melhores”, exemplifica Isis. Com a informalidade e a precarização do mercado de trabalho, dificilmente alguém conseguirá se aposentar com as regras da Proposta de Emenda à Constituição 287.
Isis enfatiza que não vê a reforma como algo isolado do atual governo: “Começou com o golpe da democracia, e vieram outras prospostas, como a PEC 55, do teto dos gastos públicos, a partilha do pré-sal, a reforma do Ensino Médio, a terceirização aprovada na noite de ontem, entre outras, que juntas são elos para desconstruir os direitos dos trabalhadores”.
Também coordenadora da revista Mátria, publicação anual da CNTE que trata das conquistas das mulheres no país, Isis Tavares relata que os 30 exemplares que levava para a audiência precisaram ser examinados, em termos de conteúdo, pela Polícia do Senado antes que entrasse na casa legislativa. “Temos, na verdade, um déficit de democracia”, sintetiza.
(Portal Vermelho On line, 23/03/2017)
Fonte: CNTE