CNTE promove reflexão e luta contra o preconceito no dia de combate à LGBTfobia

Nesta quarta-feira (17), celebra-se o Dia Nacional e Internacional contra a LGBTfobia. A data surgiu quando a Organização das Nações Unidas (ONU) retirou, em 1990, a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID). Isso tem marcado as lutas contra a discriminação que ainda existem sobre esse público em todo o mundo.
Segundo o secretário de Direitos Humanos da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), José Christovam de Mendonça Filho, no espaço escolar, as diferenças não podem ser apenas respeitadas e toleradas, é necessário promovê-las e elogiá-las. “É preciso pautar e eliminar as relações de poder que dominam a escola e dela expulsam os LGBT, especialmente a população trans. A CNTE tem feito essa promoção e denunciado a exclusão de profissionais de educação em seus direitos trabalhistas e previdenciários”, afirma Christovam.
Ele acrescenta que a CNTE tem contribuído de forma efetiva e sistemática para a desconstrução da escola excludente e com padrões heteronormativos que existem no país. “Trabalhamos com os coletivos das nossas afiliadas nos estados , com nosso coletivo nacional, com a rica campanha nacional de 17 de maio que promovemos, com material publicado para orientar a formação inicial e continuada, apoiamos iniciativas e realizamos tantos outros trabalhos na construção de uma escola que, de fato, seja plural, pública, gratuita, democrática, de qualidade e inclusiva aos profissionais e à população LGBT”, conclui o secretário. Na tarde desta quarta-feira (17), Christovam participa da audiência pública “Crimes de ódio contra LGBT” na Câmara dos Deputados.
Dados
A importância de se combater o preconceito é verificada inclusive em números. A Rede Transbrasil denuncia que o risco de uma pessoa travesti, transexual ou transgênero ser assassinada é 14 vezes maior que o de um homem cis gay (cis é prefixo latino, abreviação para cisgênero, significa ‘do mesmo lado’. A pessoa cis é aquela que reivindica ter o mesmo gênero com o qual lhe registraram quando ela nasceu. Portanto, cis gay significa que este gay não é uma pessoa trans), e a chance de essa morte ser violenta é nove vezes maior. O número de ocorrências desse tipo pode ser ainda maior devido ao elevado índice de subnotificação.
O relatório produzido pelo Grupo Gay da Bahia aponta que 343 LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) foram assassinados no Brasil em 2016. A cada 25 horas, um LGBT é barbaramente assassinado vítima da LGBTfobia, o que faz do Brasil campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais.
Em 2017, a população LGBT brasileira tem enfrentado ainda mais desafios, como o pacote de medidas de austeridade do atual governo federal (PEC 241). Serão cortados investimentos em programas sociais como o Benefício da Prestação Continuada (BPC), que atende número significativo de lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans e intersex. Concursos públicos, em que a incidência de preconceitos na seleção é menor, também serão afetados. Além disso, as reformas trabalhista e da Previdência tornarão as pessoas LGBTs ainda mais vulneráveis, pois essa população já encontra diversas barreiras no acesso ao emprego formal e à aposentadoria.
A CNTE defende a formação de pessoas comprometidas com a cidadania e o respeito às diferenças. É com esse princípio que nos somamos à luta das pessoas LGBTs para resistir aos retrocessos, que poderão marginalizar ainda mais essa população, e para reivindicar mais direitos necessários para se alcançar a equidade.