CNTE defende discussão política em sala de aula

Audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, debateu o tema “assédio ideológico nas escolas”. A comissão de Educação reuniu especialistas para falar sobre o papel dos educadores e a influência que eles exercem sobre a posição política dos estudantes. Dois projetos de lei federal tratam do tema: o PL 867/2015, do deputado Izalci Lucas (PSDB-DF), intitulado “Escola sem partido”, elimina a concepção paulo-freiriana de transmissão do conhecimento. Para Paulo Freire, o objetivo da educação é conscientizar e ensinar o estudante a ler o mundo para poder transformá-lo.
O texto propõe que “as escolas deverão apresentar e entregar aos pais ou responsáveis pelos estudantes material informativo que possibilite o conhecimento dos temas ministrados e dos enfoques adotados”, ou seja, permite a censura prévia de conteúdos.
Já o PL 1.411/2015, do deputado Rogério Marinho (PSDB/RN), torna crime a manifestação ideológica, instituindo pena de reclusão e multa aos professores que expressarem suas ideias políticas em sala de aula. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação aponta que as propostas retiram a liberdade do(a) professor(a) de ensinar e o direito do aluno de aprender. O presidente Roberto Leão ressaltou a importância de os educadores estimulares a participação organizada de crianças e jovens para o exercício da cidadania.
Para a CNTE a escola é, sim, um lugar de discussão política e de construção de posições ideológicas. Impedir a livre manifestação seria um retrocesso na democracia, lebra Leão: “A escola não é um espaço isolado do mundo, eu concordo que não tem que ser de política partidária, mas o debate político, o incentivo à participação na vida da sociedade é fundamental. A escola deve ter esse papel. Caso contrário, vamos ter um monte de robôs, jovens e adolescentes que vão sair da escola treinados sem saber exatamente o que eles vão encontrar fora da escola. E nós precisamos preparar o aluno para a vida, essa é a grande missão da escola”.
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