Ceilândia realiza ato por vagas em creches públicas

Pouca gente sabe, mas o direito à creche para crianças de zero a três anos está garantido na Constituição Federal brasileira e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Entretanto, ainda é mínimo o número de instituições públicas deste ramo em funcionamento no Distrito Federal. Só em Ceilândia, mais de oito mil crianças de zero à seis não conseguiram vagas em creches ou escolas no início deste semestre letivo.

Organizadas pelo Comitê Popular de Luta por Creches no DF – impulsionado pela Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF), pela Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), pela Marcha Mundial das Mulheres e outras entidades ¬–, centenas de mães realizarão no dia 26 de março (quinta-feira), a partir das 8h30, um ato pela abertura de novas vagas em creches públicas no Distrito Federal. A concentração da atividade será no Centro Educacional nº 07 de Ceilândia Norte, de onde as manifestantes caminharão até o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).

A atividade será realizada na véspera do aniversário de Ceilândia – que é comemorado dia 27 de março – e, por isso, tem como mote: “Que presente as crianças e mulheres em Ceilândia querem neste aniversário? Creche pública de qualidade já!”. Mesmo diante do número de crianças que não garantiram vaga em creches públicas, prédios construídos na cidade com este intuito continuam desativados. Como é o caso do Centro de Integração de Desenvolvimento Infantil (CIDI), localizado na QNN 14 de Ceilândia. O prédio, inaugurado em março do ano passado, tem capacidade para acolher 600 crianças, mas continua de portas fechadas.

De acordo com o Ministério da Educação, no ano de 2007, das 224 instituições em funcionamento no DF, apenas 11 eram públicas; sendo que, de 2005 a 2007, o governo abriu apenas uma nova instituição. O ministério ainda informa que o sistema público de creches no Distrito Federal atende apenas 636 crianças, contra 11.830 do sistema privado (filantrópico). A última Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (PNAD) aponta que as vagas oferecidas pelo sistema público respondem por apenas 16% das crianças com idade entre zero e três anos. Outras 119 mil crianças nesta faixa etária continuam se submetendo aos arranjos familiares.

O ato em defesa de creches públicas é um desdobramento da atividade de pré-lançamento da “Campanha por igualdade de oportunidades: na vida, no trabalho e no movimento sindical”, organizada pela CUT Nacional. Um dos eixos centrais dessa campanha é lutar pela ampliação do acesso às creches públicas e pelo compartilhamento entre homens, mulheres e Estado, da responsabilidade com o trabalho reprodutivo e de cuidado com a vida humana.

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Por: Vanessa Galassi, da CUT-DF