Brasil terá quatro palestrantes no maior evento internacional de matemática

O Congresso Internacional de Matemáticos, maior evento da matemática mundial, que começa nesta quarta-feira (13), em Seul, Coreia do Sul, terá situações inéditas envolvendo o Brasil. Esta será a primeira vez em que quatro matemáticos do Instituo Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) participarão como palestrantes, dentre os cerca de 4,5 mil pesquisadores de centenas de países que apresentarão as novidades produzidas nos últimos anos na área. O brasileiro Artur Avila, do Impa, também é cotado para receber uma das quatro Medalhas Fields, reconhecimento equivalente ao Prêmio Nobel da matemática.
O diretor-geral do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), César Camacho, informou que, desde a criação do evento, em 1897, 14 pesquisadores brasileiros já foram convidados a proferir palestras, mas nos eventos anteriores, os brasileiros nunca haviam passado de dois.
“Em termos comparativos com as melhores instituições do mundo, poucas têm esse número de palestrantes”, comentou ele, ao ressaltar que dos 14 palestrantes brasileiros que já participaram do evento, 13 eram do Impa e um da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Os quatro pesquisadores brasileiros do Impa que vão participar como palestrantes nesta edição são: Fernando Codá (geometria diferencial), Carlos Gustavo Moreira (sistemas dinâmicos), Mikhail Belolipetsky (topologia) e Vladas Sidoravicius (probabilidade).
A outra novidade será a confirmação do Brasil como sede da edição de 2018. Com isso, o Brasil será o primeiro país do Hemisfério Sul a sediar o evento, que acontece de quatro em quatro anos. O Congresso será no Rio de Janeiro e, para o diretor-geral do Impa, a escolha do Brasil representa um reconhecimento internacional da pesquisa em matemática produzida no país. “A matemática brasileira vem se expandindo de maneira regular nos últimos anos. Ela está tendo um desenvolvimento muito satisfatório e espera-se que em um futuro imediato e a longo prazo esse crescimento venha a ser tão contundente a ponto de colocar o Brasil entre os melhores países do mundo,” comentou ele. “Mas é necessário diversificar as áreas que o Brasil pratica em matemática”, concluiu.
Camacho ressaltou ainda que neste ano um brasileiro pode ganhar a Medalha Fields, o Prêmio Nobel da matemática, a ser entregue no evento, que vai até o dia 21. “A matemática brasileira já tem maturidade razoável para que uma coisa dessa natureza possa acontecer”, opinou ele, na torcida por Avila. Nesta edição, uma mulher também deve receber uma das medalhas, pela primeira vez. A iraniana Maryam Mirzakhani, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, está entre as mais cotadas para o prêmio.
A Medalha Fields foi concedida pela primeira vez em 1936 e, a cada edição, é entregue a, no máximo, quatro matemáticos com idade inferior a 40 anos, que tenham realizado feitos notáveis. Ao todo, 52 matemáticos já receberam o prêmio.
Na lista criada pela União Matemática Internacional, de cinco grupos em ordem crescente de importância, o Brasil se encontra no Grupo 4. Os países mais desenvolvidos na área da matemática, como Estados Unidos, França, China, Alemanha e Japão encontram-se no Grupo 5.
No fim de semana passado, o Brasil recebeu 24 medalhas na Olimpíada Mundial de Matemática Universitária, na Bulgária. A Olimpíada Brasileira de Matemática, criada em 1979, tem experimentado um aumento cada vez maior de inscritos. Neste ano, mais de 560 mil estudantes mostraram interesse, ante 200 mil no ano passado. A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, criada há dez anos, tem cerca de 19 milhões de inscritos anualmente desde 2009.
Fonte: Flavia Villela -Rrepórter da Agência Brasil* Edição: Denise Griesinger
*Colaborou Isabela Vieira