Brasil se destaca no 6º Congresso da Internacional da Educação

No workshop “Unidos somos mais fortes: construindo sindicatos melhores”,  representantes de Trinidad Tobago, Nigéria, Dinamarca e Brasil apresentaram as perdas e ganhos de cada sindicato em seus países. O Brasil apresentou a experiência mais bem sucedida. Juçara Dutra Vieira, representando a CNTE, fez um balanço positivo: a conquista da lei do piso salarial, em 2008, a interlocução com o governo federal, que garantiu a realização da Conferência Nacional sobre Educação Básica, em 2010; e a atuação consistente da Esforce, Escola de Formação da entidade. Contando com publicações próprias e sólido conteúdo para capacitação de dirigentes sindicais, a Esforce já se tornou referência no meio sindical.
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Juçara lembrou que os desafios agora são aprovar o financiamento da educação para 10% do PIB (hoje é 5%) e atrair novos quadros para o sindicato. Porém, é preciso pressionar os governos para que ofereçam Planos de Carreira para a educação pública que combinem salário digno e formação e, assim, despertar nos jovens o desejo de se tornarem professores. “Há poucos horizontes para superação desse problema em curto prazo”, lamentou.
Todos concordaram que ações conjuntas fortalecem os sindicatos e garantem mais poder de negociação e como consequência, mais conquistas. A fragmentação, a dificuldade de interlocução com os governos locais e as lutas contra as tentativas de privatização da educação pública foram pontos recorrentes durante o debate.
Fátima Silva, secretária de Relações Internacionais, representou a CNTE no workshop “Escola Inclusiva: um sonho ou uma realidade?”. Fátima afirmou que é possível desenvolver escolas inclusivas no país, desde que o ambiente escolar esteja preparado para atender as diferenças multiculturais, de etnia e diversidade.  “Os professores têm papel fundamental nesse processo e, por isso, devem ser valorizados profissionalmente e receber  formação continuada”. Fátima relatou a experiência da CNTE na disseminação de campanhas nas escolas por igualdade de oportunidades.
“Uma pergunta provocativa: A educação para a solução da crise econômica?” foi o tema do workshop que contou com representantes da Argentina, Inglaterra, Brasil e Austrália. Ficou claro que o desenvolvimento do capital humano é fundamental para uma economia fortalecida, mas não pode ser feito a reboque do mercado.
Camila Crosso, presidente mundial da Campanha pelo Direito à Educação chamou a atenção para a ameaça da mercantilização da educação e a intenção dos governos, sob o pretexto do enfretamento da crise, incentivarem a formação de mais profissionais para o mercado.
Para Camila, os governos deveriam estar voltados para o estabelecimento de uma justiça econômica que promova  a geração de riqueza e a distribuição dela, a cidadania e a formação de pessoas com pensamento crítico, “com capacidade de questionar e propor alternativas”.
Pedro Sanlorentti, representante da Federação Nacional dos Professores Universitários da Argentina (CONANDU) criticou a interferência do FMI e do Banco Mundial nas economias. “Pagamos a dívida para que não digam o que temos que fazer”, disse ele fazendo referência ao pagamento das dívidas externas da Argentina e do Brasil ao Fundo Monetário Internacional.
Pedro afirmou que no caso da Argentina possibilitou o investimento de 6% do PIB em educação e no Brasil, a construção de um plano para desenvolvimento da educação autônomo, sem a imposição de regras desses organismos internacionais.  (CNTE, 25/07/11)