As escolas públicas precisam ser reformadas para maior conforto de todos e todas

Nesta sexta-feira (11), o Correio Braziliense publicou uma reportagem sobre o desconforto de professores (as) e alunos (as) do CEF 4 de Planaltina, em virtude das altas temperaturas dentro de sala de aula. Quando brigamos para que as escolas sejam reformadas, isso inclui a reforma da rede elétrica para que as mesmas possam receber doações de climatizadores ou aparelhos de ar condicionado, ou até mesmo possam adquirir tais equipamentos com recursos do PDAF. Mas a rede elétrica das escolas precisa suportá-los.
Hoje nenhuma escola do DF apresenta suporte elétrico para a climatização de todas as salas de aula, pois as escolas foram construídas em uma época na qual este assunto nem era debatido. Já as escolas mais recentes não apresentam um projeto elétrico que suporte este recurso em todas as suas dependências.
A climatização é mais do que necessária. Se ainda neste mês de abril, em pleno outono, a temperatura dentro da sala de aula facilmente ultrapassa os 30 graus, na época da seca, com umidade do ar baixa, teremos situações insuportáveis, como as do CEF 4 de Planaltina. Escolas climatizadas são indispensáveis para uma escola pública de qualidade.
Segue abaixo, a matéria.
 
Alunos de escola em Planaltina são prejudicados por calor e barulho
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê que, hoje, a temperatura pode chegar a 29ºC. O incômodo do calor para os brasilienses chega a ser insuportável para os 2.100 alunos do Centro de Ensino Fundamental 4 (CEF 4) de Planaltina-DF, onde a temperatura pode ser de até dois graus Celsius acima da registrada na área externa. O recorde foi atingido em 17 de outubro de 2012, quando o termômetro marcou 39,9ºC. O que seria só mais um caso entre tantas outras instituições do ensino público, que enfrentam o mesmo problema, surpreende pelo fato de o colégio dispor de 10 equipamentos de ar condicionado estocados no depósito. Os aparelhos foram doados pela Receita Federal em julho do ano passado.
Desde 2012, o professor de português Davi Moreira mantém um projeto que aferiu a temperatura em ambientes de ensino de dois colégios de Planaltina. “Naquele ano, apliquei uma prova e notei que meus alunos usavam a própria folha de exame e as mãos para se abanar. Achei estranho. Tirei do meu bolso R$ 400 para a compra de um equipamento profissional. Foi então que verifiquei que a diferença de clima chega a uma média de 2ºC a mais nas salas de aula em relação à temperatura ambiente”, afirma.
Os problemas não param por aí. Por conta da estrutura das salas, os ruídos emitidos chegam a 87 decibéis. “Apesar de a escola ficar ao lado de três feiras, um especialista verificou que o barulho é gerado na própria instituição. O excesso de barulho poderia ser resolvido com medidas simples, como mudanças de portas e janelas. Para se ter uma ideia, 90 decibéis é o ronco de uma moto”, conta Moreira.
A altura dos ruídos e a alta temperatura são preocupantes, segundo Rosana Clímaco, pesquisadora especialista em conforto ambiental do Departamento de Tecnologia em Arquitetura e Urbanismo (TEC) da Universidade de Brasília (UnB). “Existem normas que estabelecem cuidados para essas situações. Estar exposto a muito barulho ou a um clima muito quente atrapalha o rendimento em sala e, mais do que isso, interfere na saúde, tanto do aluno quanto do professor. Casos assim podem causar irritabilidade, sangramento no nariz, falta de atenção, cansaço e estresse”, adverte.
De acordo com a especialista, uma cobertura metálica, ausência de forro de isolamento, cor externa escura que capta muita radiação solar, falta de ventilação adequada e baixa umidade do ar são fatores que pesam para um clima mais intenso. “As salas são abafadas. Há telhados de zinco, de amianto e de ferro. O calor passa pelo forro de PVC, e esquenta bastante. As paredes dão muita reverberação, então os ruídos competem com a fala do professor. O ventilador e as conversas paralelas aumentam o b-rulho em sala”, diz o professor.
Os problemas levantados atingem principalmente os estudantes. A dona de casa Terezinha Moura da Luz Vieira, 59 anos, avó Luan de Souza Araújo Souto, 12, aluno do 6° ano do CEF 4, diz que ele se queixa muito do calor. “Já fui chamada por uma professora para conversar sobre a falta de atenção dele, que começou a estudar este ano na escola. Ele tem dificuldade em leitura, e é agitado até em casa. Acho que se houvesse algo que amenizasse o ar, ele conseguiria se concentrar mais. Se for verdade que a escola tem esses aparelhos de ar condicionado, mas ainda não os instalou, isso mostra o descaso total com a educação no DF”, reclama.
A Secretaria de Educação in-forma que o termo de guarda e responsabilidade sobre os equipamentos doados pela Receita Federal ao CEF 4 de Planaltina foi assinado pela direção da escola em 14 de outubro do ano passado. Após o recebimento dos aparelhos, foi necessário incluir o material no patrimônio da instituição, processo realizado ainda naquele mesmo mês. A direção informou que a vistoria para verificar as condições elétricas e de segurança para a instalação desses equipamentos foi feita no fim de março. Ainda não há previsão de quando o documento ficará pronto.