Abandono da escola aumenta quando adolescentes engravidam

Os principais indicadores de educação do país avançaram de 2004 a 2013, como o maior acesso à universidade –inclusive dos mais pobres– e aumento dos anos de estudo das pessoas de mais de 25 anos, cuja expansão foi mais intensa para a faixa de renda dos 20% com menores salários.

Existem, porém, muitos gargalos a serem enfrentados. Entre eles, estão o atraso escolar, que resiste em cair especialmente nas regiões Sul e Sudeste, e o abandono das adolescentes que têm ao menos um filho.
Pelos dados da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, 88,4% das mulheres de 15 a 17 anos que não tinham filhos estudavam em 2013. Já para aquelas que eram mães, o percentual era apenas de 28,4%.
O problema é que praticamente não houve avanço frente a 2004, quando 25,4% das adolescentes dessa faixa etária com filhos não frequentavam a escola. “É um aumento muito marginal para o período e não acompanha a melhora de outros indicadores de educação”, diz Cíntia Agostinho, pesquisadora do IBGE.
Os dados mostram que a maternidade precoce empurram as adolescentes para fora do sistema de ensino e é necessário pensar em políticas específicas para mantê-las estudando, segundo Simon Schwartzman, ex-presidente do IBGE e especialista em indicadores sociais.
Outro gargalo é o atraso escolar. A proporção de adolescentes de 13 a 16 anos que não estavam na série correspondente à sua idade caiu de 47,1% do total de pessoas nessa faixa para 41,4% entre 2004 e 2013.
Apesar da redução, o percentual é considerado elevado por especialistas e a melhora decorreu graças à redução de Nordeste (de 64,5% para 52,2%), Norte (de 64,5% para 55,2%) e Centro-Oeste (42,4% para 34,6%).
Nas regiões “ricas” do Sudeste e Sul, a evolução favorável quase não foi percebida. A proporção de alunos fora da série correta para sua idade ficou em 31,5% no Sudeste em 2013, quase mesmo percentual de 2004 (31,3%). No Sul, os percentuais oscilaram de 35,1% para 34,4%.
Para Schwartzman, o Nordeste estava mais atrasado nesse indicador e tinha mais espaço para apresentar uma evolução favorável. O Sudeste, por exemplo, reduziu antes o atraso escolar principalmente em razão de São Paulo e da adoção de ciclos sem reprovação de alunos.
Universidade
Um dado positivo é o aumento dos alunos matriculados em universidades públicas que integravam as famílias na faixa das 20% mais pobres. O percentual era de apenas 1,7% do total de alunos das universidades públicas em 2004. Passou para 7,2% em 2013.
Entre 2004 e 2013, a proporção de pessoas da faixa etária 25 a 34 anos com ensino superior completo praticamente dobrou: passou de 8,1% em 2004 para 15,2% em 2013. O percentual, porém, é o menor se comparado aos países da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e inferior a nações como México, Chile e Turquia.
Outro resultado favorável foi o incremento da escolaridade média da população de 25 anos ou mais -de 6,4 para 7,7 anos de estudo de 2004 para 2013. Esse incremento foi mais intenso entre os 20% com os menores rendimentos, cujo indicador subiu de 3,7 para 5,4 anos de estudo.
No mesmo período, os estudantes que fazem parte dos 20% com os maiores rendimentos deixaram de ser maioria tanto nas universidades públicas (38,8%) quanto nas particulares (43%), aumentando o acesso a esse nível de ensino dos demais faixa de renda.
(Da Folha de S. Paulo)