Cristiane Sobral lança segundo livro de contos nesta quinta-feira (8/12)

img-20161205-wa0000Com o título “O tapete voador” e 18 contos contemporâneos, o livro será lançado nesta quinta-feira (8), das 19h às 21h30, no Ernesto Café, na 115 Sul. Trata-se do quinto livro da escritora e segundo de contos. A maioria das personagens é feminina, cuja subjetividade é apresentada da maneira mais humanizada possível por meio de histórias curtas.
As personagens negras, que não são todas, mas são muitas, são apresentadas numa perspectiva de ressignificação dos estereótipos que se utiliza no Brasil com muita força, como aqueles do período da escravidão. “A gente costuma vê as personagens negras – homens e mulheres – ocupando determinados papeis, de escravos, malandros, cozinheiras, mulatas gostosas e a crítica que a gente faz dessa literatura negra não é que eles e elas não possam ter essas funções, esses papeis sociais, mas que a gente tenha a preocupação de apresentar essas personagens de uma forma mais completa”.
Ela quer mostrar essa mulher que samba. Mas não só a mulher que samba, a passista, a mulata gostosa, e sim outros aspectos da vida dessa mulher. “Aspectos que se eu estiver contando uma história de mulher assim serão também interessantes; essa composição”, explica a escritora.
O livro trata de histórias diversas. As personagens não são idealizadas. Elas têm suas falhas e defeitos. São mulheres que procuram amar, que questionam a dificuldade de afeto que as mulheres que estão engajadas no mercado de trabalham enfrentam. As dificuldades que todas têm em administrar os afetos , o autocuidado, as relações. Tudo isso são questões abordadas neste livro.
É uma obra que tem tido ótima repercussão nos locais em que é lançada. Ele traz um formato e abordagem novos. Foi lançado em vários estados, como no Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e no Paraná, tendo ótima receptividade do público. Agora, Cristiane lança “O tapete voador” no Distrito Federal.
Outra grande novidade desta obra é que, ao mesmo tempo em que ele é lançado, ele também lança uma nova editora no mercado editorial. Trata-se da Editora Malê, do Rio de Janeiro, fundada este ano, que está apostando em autores(as) negros e negras. Tem variedade temática, mas os(as) escritores(as) são todos(as) negros(as) e ligados à literatura engajada. A editora reconhece essa falta de espaço que os(as) escritores(as) negros(as) não têm no mercado editorial.
“Se a gente pensar quantos livros a gente já leu na vida que é de escritores(as) negros(as)… Quantas vezes a gente consultou o catálogo de uma editora qualquer das grandes editoras e verificou lá um percentual de autores(as) negros(as)? O fato é que eles e elas existem, estão em todo o país, publicando, e os leitores também existem porque nossos livros têm muita venda, são procurados, mas a gente tem muita dificuldade de coloca-los no mercado editorial”, afirma.
Cristiane conta que, no caso dela, por exemplo, as pessoas mandam mensagens por e-mail, pelo Facebook ou vão aos lançamentos comprá-los porque não encontram os livros dela nas grandes livrarias. “A gente ainda não consegue dialogar com esse mercado.  A Editora Malê tem uma página no Facebook com esse mesmo nome e, no meu caso, eu mesma estou distribuindo meus próprios livros”, informa.
Quem tem interesse de conhecer o catálogo da Malê pode acessá-lo pelo Facebook e quem quiser comprar os livros da Cristiane Sobral pode procurá-la pela página dela no Facebook “Cristiane Sobral Artista” e pelo email crisobral2@gmail.com. “O tapete voador” ncusta R$ 30,00.
Sala de aula – Como quase toda a obra de Cristiane Sobral, “O tapete voador” tem sido usado nas escolas. “Acabei de chegar do lançamento feito com professores de Letras do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) e de uma discussão nessa perspectiva de utilização da obra em sala de aula”.
Os 18 contos trazem histórias contemporâneas, a questão do empoderamento negro, dos jovens negros que estão se reconhecendo como tal e a reconstrução da identidade negra. “Hoje, no espaço escolar, a gente está inserindo com muito atraso as questões de diversidade, étnicas e outras. Acho que, por isso, o meu material tem sido muito utilizado pelos professores nas escolas. Os professores é o público que mais me procura minha obra”, diz Cristiane.
Ela é professora há mais de 20 anos. Trabalha atualmente na Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal (SEEDF) e, atualmente, é coordenadora Intermediária de Direitos Humanos e Cidadania no Núcleo Bandeirante. Mestre em artes pela Universidade de Brasília (UnB), dirige, há 10 anos, a companhia de teatro negra Cia de Arte Negra Cabeça Feita.