“Velhice Ponto G” está em cartaz no Teatro Goldoni

Como uma conversa descontraída na calçada, a atriz Ruth Guimarães compartilha com o público, sobre sua ótica e a ótica de uma grande vó, interessantes reflexões sobre o processo de envelhecimento, com poesia e muito humor.
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Local: Sala Adolfo Celli do Teatro Goldoni – 209 Sul. Telefone: 3244 3333
Dias: 2/12 (sexta), 3/12 (sábado), 4/12(domingo), 10/12 (sábado) e 11/12(domingo)
Horário: Sempre às 20h30
Ingressos: R$40,00 e R$20,00
Classificação: 16 anos
Sobre a peça
Em um país onde as estatísticas apontam para mais de 21 milhões de pessoas velhas, e que, igualmente ao resto do mundo, essa população cresce em escala progressiva, a atriz e autora, Ruth Guimarães, em seus 70 anos de idade, traz para a cena, seu olhar e suas reflexões sensíveis e bem humoradas sobre este momento tão inerente à condição humana: Envelhecer
Como falar do envelhecimento sem cair no chavão? Como falar dos meus prazeres, das minhas agonias, dos meus sonhos, das minhas utopias, do meu tesão, das minhas inquietações de mulher, pois que envelheci, é , envelheci, de verdade? Aí, pensei: a minha grande porta é o Teatro. Por que não, ao envelhecer, me atrever a escrever, montar e apresentar um espetáculo solo, autoral? Até porque, os sabores e dissabores das vivências que carrego, só são experimentados por mim e, paradoxalmente ao envelhecimento, me veio a lucidez de que ninguém melhor do que eu para fazer esses registros. Arregacei minhas energias e fui a luta, uma vez que não podia mais perder tempo, pela própria idade que me confere. Ai, me vieram vários questionamentos sobre o envelhecimento: Como ir ao encontro do meu ponto G, da minha zona de prazer, para além da sexual, na velhice? Como envelhecer em harmonia com essa avalanche de novidades tecnológicas? Como não perder o referencial de cidadã velha em relação a meus direitos? Como administrar a possível solidão, sem me virilizar? Como conviver com as mazelas humanas, sem perder as esperanças? Como não escamotear as dores reumáticas diante de um mercado que aposta na juventude eterna? Como não entrar nessa armadilha desses apelidos que inventaram pras pessoas velhas? Como ressignificar atitudes e conceitos em relação a velhice, para um possível reposicionamento das pessoas velhas diante da vida? Inclusive do meu, claro.
E os jovens? Pensando em seduzi-los, também, pra essas reflexões, o texto dialoga com essa geração y/z, jovens que já nasceram dentro do mundo digital e durante a encenação têm a oportunidade de refletirem sobre a necessidade e a importância do toque físico, vital à sobrevivência humana, para além do “touch screem”, ou seja, para além da tela. Como não tenho vocação para tragédias, muito menos para dramas, procuro trilhar um caminho poeticamente alegre e descontraído para essas reflexões.
O diálogo franco em “Velhice Ponto G” poderá nos trazer, ao contrário dos discursos pessimistas ou de auto piedade, um avanço nas discussões sobre a humanidade, suas fragilidades, mas, sobretudo, sobre a velhice como espaço de resistência, de prazer, de dignidade e de ousadia. Onde a velhice não seja apenas um exemplo, mas sobretudo um maravilhoso banquete, onde são servidas apetitosas histórias. Afinal, envelhecer é nossa grande chance de aprofundar nosso mapa e servirmos de guia para os nossos jovens.