Contra o golpe, sindicatos decidem criar Coletivo Jurídico

Se por um lado a conjuntura política atual do país prenuncia dias mais amargos, por outro, ela motiva a reorganização e reinvenção das ações dos movimentos sindical e sociais comprometidos com o fortalecimento da democracia e a ampliação de direitos e conquistas sociais. Fruto desse cenário, a CUT Brasília e os sindicatos filiados viram a necessidade de criar um Coletivo Jurídico, que será lançado em breve. O encaminhamento foi feito no Seminário Jurídico da CUT Brasília: Resistir ao golpe e reconstruir o Estado Democrático de Direito, realizado nessa quinta-feira (14), no Clube dos Comerciários (DF).
De acordo com o consultor jurídico da CUT Brasília, Marthius Sávio Lobato, o Coletivo Jurídico busca a reunificação das assessorias jurídicas dos sindicatos filiados para auxiliar no enfrentamento dos ataques golpistas e na luta para reconstrução do Estado democrático de direito e defesa da classe trabalhadora. “Com esse governo interino, o golpe fica cada vez mais nítido, assim como a ameaça de uma mudança de concepção do Estado, de um Estado social para um Estado neoliberal, individualista, personalista e de acentuada desigualdade social. Então é essencial que, neste momento, nos reunamos para fazer este combate”, afirma.
Na avaliação o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto, com o Coletivo Jurídico, os trabalhadores estarão “mais respaldados para reivindicar e fazer sua luta também na esfera judiciária”, especialmente nesse momento em que os setores empresariais e conservadores procuram criminalizar os movimentos sindicais e sociais. “A ideia é que a gente possa agregar as diversas assessorias jurídicas dos sindicatos filiados, os estudiosos da área, para que possamos pegar os exemplos que deram certo em outros estados, mas com a nossa identidade, com o nosso DNA. Vamos estabelecer um processo de encontros, de troca de experiências que venham agregar elementos na luta da classe trabalhadora”, explica.
O secretário nacional de Assuntos Jurídicos da CUT, Valeir Ertle, participou do Seminário Jurídico da CUT Brasília e parabenizou a iniciativa da central. “Vamos trabalhar para criar nossos coletivos em todos os estados”, se comprometeu.
Experiência positiva
O dirigente da CUT-RS, Antonio Carlos Porto, participou do Seminário Jurídico da CUT Brasília e apresentou a experiência do Coletivo Jurídico da central no estado, que funciona há 30 anos. Segundo ele, o grupo, formado por advogados independentes e sindicalistas, atua em três eixos: formação, institucional e operacional, e, nessas três décadas, soma resultados positivos.
Para Porto, o memento atual necessita da proliferação desses coletivos. “Precisamos recuperar o programa da CUT. Faz tempo que nós não nos reunimos para dizemos qual é o nosso projeto”, afirma.

Com informações da CUT